Vale a pena prescrever ômega 3 para seu paciente?

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Diversos estudos observacionais mostraram que o consumo regular de peixe, uma ou duas vezes por semana, está associado à redução do risco de morte cardiovascular. Entretanto, os dados são conflitantes quando se estuda a suplementação de óleo de peixe, rico em ômega 3, na população.

A diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia e da Sociedade Europeia de Aterosclerose de 2016 coloca como discutível se o ômega 3 pode exercer um efeito protetor na prevenção de doenças cardiovasculares (DCV). A diretriz de dislipidemia indica que mais evidência na eficácia da suplementação de ômega 3 para prevenção de resultados clínicos é necessária para justificar sua prescrição. Em contraste, a AHA recomenda que o uso de ômega 3 é provavelmente justificada em indivíduos com DCV prévia e naqueles com IC e FE reduzidas.

Com o objetivo de avaliar a associação de ômega 3 e DCV, foi realizada uma metanálise com os principais trials randomizados que avaliaram ômega 3 na prevenção de doença cardiovascular, sendo publicada recentemente no JAMA.

Foram incluídos 10 trials com 77917 pacientes envolvidos, tratados em média de 4.4 anos. No total, 28% tinham história de AVC, 37% diabetes e dois terços tinham DCV.

A metanálise não mostrou nenhuma associação significante entre a suplementação de ômega 3 e doença cardiovascular fatal, infarto não fatal, AVC, revascularização e eventos cardiovasculares maiores. Importante ressaltar que a metanálise também não demonstrou efeito significativo em subgrupos como portadores de DCV prévia, DM, níveis de colesterol e uso de estatina.

Os autores concluem que não há suporte para recomendação do uso de ômega 3 (na dose aproximada de 1g/dia) em indivíduos com história de DCV para prevenção de DCV fatal, Infarto não fatal ou qualquer outro evento vascular.

Impressão do autor: o tema é polêmico. O próprio estudo cita que os resultados conflitantes com estudos prévios pode ser atribuído a diferentes critérios de inclusão desses estudos, uso concomitante de estatina ou outra forma de prevenção secundária. Trata-se de uma metanálise e devemos levar isso em conta quando avaliamos o estudo, por melhor que ele seja. Acreditamos que sejam necessários mais estudos randomizados controlados para melhor elucidação e recomendação de ômega 3 na prescrição.

Referência: Associations of Omega-3 Fatty Acid Supplement Use With Cardiovascular Disease Risks, Theingi Aung, MBBS, FRCP; Jim Halsey, BSc et al; JAMA Cardiology Published online January 31, 2018