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Taquicardia de QRS largo: como diferenciar de forma simples?

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Taquicardia de QRS largo: como diferenciar de forma simples?

              Taquicardia de QRS largo (≥120 ms) pode ser consequência de vários processos: taquicardia ventricular (TV), taquicardia supraventricular com aberrância (TSV-A), taquicardia supraventricular conduzida através de via acessória e taquicardia em paciente com ritmo de marca-passo. A diferenciação entre uma TV e uma TSV-A sempre foi um desafio para a maioria dos médicos que trabalham em serviços de emergência. Essa diferenciação não só é importante para a conduta na emergência como norteará os próximos passos na avaliação do paciente. Inúmeros são os algorítmos que tentam definir a origem de uma taquicardia de QRS largo entre TV e TSV-A: Brugada, Vereckei, PAVA entre outros.

               Em 2015, o Dr. Francisco Santos propôs em sua tese de doutorado um novo algorítmo, que diferentemente dos demais, usa apenas critérios visuais de simples aplicabilidade. Foram analisados 120 eletrocardiogramas de QRS largo de maneira cega, cuja a origem da taquicardia, ventricular ou supraventricular, era determinada através do padrão ouro: estudo eletrofisiológico. Taquicardias pré-excitadas foram excluídas do trabalho. Os critérios propostos pelo Dr. Santos encontram-se abaixo:

Presentation1

               Note que no algoritmo proposto pelo Dr. Santos basta apenas analisar a polaridade do QRS: negativa ou positiva. Se o QRS for predominantemente negativo ele será considerado de polaridade com predominância negativa. Se o QRS for predominantemente positivo ele será considerado de polaridade positiva.      

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A sensibilidade, o valor preditivo positivo e a acurácia globais do algorítmo de Brugada foram superiores em relação ao algoritmo de Santos, respectivamente: 87,2% x 68,7%, 90,9% x 85,8% e 81,4% x 73,8%, porém a especificidade do algoritmo de Brugada foi inferior ao de Santos: 68,9% x 85,1%. Quando se trabalhou com médicos residentes, a acurácia dos algoritmos foi muito semelhante: 73,7% x 72,9%, a especificidade do algoritmo de Brugada foi inferior: 65,8% x 85,5% e a discordância entre avaliadores também foi maior no algoritmo de Brugada: 60,8% x 30%.

               Concluímos que pela sua praticidade, principalmente quando a diferenciação entre TV e TSV-A é feita por médicos com menos experiência, o algorítmo de Santos pode ser uma excelente opção, pois se trata de ferramenta simples e de fácil aplicabilidade.

Exemplo prático: nota-se que o complexo QRS é predominantemente negativo em D1, V1 e V6, ou seja, 3 das 4 derivações avaliadas no algoritmo de Santos. Sugere TV.

TV - eduardo castro

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Referência:

1.       Santos Neto FR. Análise de um novo critério de interpretação no diagnóstico diferencial das taquicardias de complexo QRS largo [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2015.