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Revascularização Miocárdica Híbrida: o melhor de dois mundos?
Escrito por
Giordano Bruno
Publicado em
21/7/2016
Estudos clínicos cada vez mais apontam a superioridade da revascularização cirúrgica utilizando mamária comparado à angioplastia com stent, particularmente em diabéticos com anatomia mais complexa (estudos SYNTAX e FREEDOM).
Mas, e se pudéssemos usufruir das vantagens dos dois procedimentos em um mesmo paciente? Utilizar um enxerto arterial na artéria descendente anterior em um procedimento mais simples (minitoracotomia) e revascularizar as demais artérias com stent farmacológico (que em tese seria superior à ponte de safena). Esse procedimento é conhecido como revascularização híbrida.
Estudo observacional publicado em julho/2016 no JACC, analisou prospectivamente 298 pacientes e não mostrou diferença de mortalidade, infarto, AVC e necessidade de revascularização quando cirurgia híbrida foi comparada à angioplastia com stent farmacológico em um período médio de 17 meses de acompanhamento.
O fato de não ter havido piores desfechos nos paciente que realizaram os 2 procedimentos justificou a realização de um novo estudo randomizado para testar a possível suprerioridade do procedimento híbrido em alguns casos.
Limitações do estudo:
- Estudo observacional, não randomizado, com provável viés de inclusão e seleção;
- Um número pequeno de pacientes, com amostra que representou somente 12% da amostra inicial (pacientes elegíveis não são encontrados facilmente no "mundo real");
- Pequeno percentual de procedimentos foram feitos simultaneamente (sala híbrida). A maioria fez com algumas semanas de intervalo.
- Cirurgia minimamente invasiva foi praticamente regra no grupo híbrido, com mais da metade dos pacientes realizando cirurgia robótica (fora dos padrões, mesmo em centros avançados)
- Não foi feita a comparação com revascularização cirúrgica completa
- Tempo de seguimento curto. Via de regra os trabalhos com coronariopatia crônica acompanham os pacientes por um período médio de 4-5 anos. Muitas vezes os benefícios da estratégia cirúrgica demoram 2 ou 3 anos para começar a aparecer.
Em resumo
Este estudo acena sobre a possibilidade de realizar um procedimento de revascularização combinando intervenção percutânea e enxerto de mamária, sem elevação dos riscos, mas que possivelmente só estaria indicado em casos bem específicos e em centros considerados de excelencia em cirurgia minimamente invasiva. Devemos esperar os resultados dos trabalhos randomizados para saber se há real vantagem do procedimento no cotidiano.