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Quando pensar em taquicardiomiopatia?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
5/10/2018
Tem dificuldade em lembrar do diagnóstico de taquicardiomiopatia na prática? Aqui vão algumas dicas.
Paciente de 42 anos refere dispneia aos esforços há alguns meses. ECG mostra:
ECO mostrou FE 40%. Holter com 27% de EEVV. Sorologia para chagas negativa. Angiotc de coronárias sem lesões. RMC sem sinais de displasia de VD. Qual a provável causa da disfunção ventricular?
As taquicardiomiopatias são uma importante causa de disfunção ventricular, que devem ser identificadas devido ao potencial de reversibilidade e impacto prognóstico.
Podem ser classificadas em:
- disfunção induzida pela arritmia, quando a arritmia é a causa da IC
- disfunção mediada pela arritmia, quando a IC preexistente é agravada pela arritmia.
Não está determinada a frequência cardíaca (FC) exata para desencadear taquicardiomiopatia, mas há evidência sugerindo que FC > 100 bpm ou densidade de extrassistolia ventricular > 10.000-25.000 (ou > 10-24%) por dia possa resultar em disfunção ventricular.
IMPORTANTE: não é só a FC elevada que gera disfunção, mas sobretudo a dissincronia miocárdica associada.
Considerando o grande potencial de recuperação com o tratamento adequado, seja através de controle do ritmo ou da frequência, recomenda-se uma abordagem proativa em casos suspeitos de taquicardiomiopatia.
O tempo da recuperação pode levar até 1 ano após o tratamento.
Resposta do caso: Como há grande densidade de extrassístoles ventriculares e outras causas mais comuns de disfunção ventricular foram excluídas, devemos sim pensar na possibilidade de taquicardiomiopatia. Esta ficaria confirmada caso após controlar-se a arritmia a função sistólica do VE voltasse ao normal.
O texto acima vem do nosso livro Cardiologia Cardiopapers.