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Quais as Novidades da Diretriz de Taquicardia Supraventricular? - Parte 2
Escrito por
Pedro Veronese
Publicado em
10/9/2019
No post passado começamos a falar sobre as mudanças da nova diretriz europeia de taquiarritmias supraventriculares. Aqui continuaremos o resumo desta diretriz.
Quais as novas recomendações trazidas pela diretriz de 2019?
1. A ivabradina sozinha ou em combinação com betabloqueadores deve ser considerada em pacientes sintomáticos com taquicardia sinusal inapropriada (classe IIa).
2. O Ibutilide pode ser considerado para tratamento de TA focal na fase aguda (classe IIb).
Comentário Cardiopapers: não disponível no Brasil.
3. Ivabradina para SPOT e ivabradina com betabloqueador para tratamento crônico de TA focal podem ser considerados (classe IIb)
4. Pacientes com FLU sem fibrilação atrial (FA) devem ser considerados para anticoagulação, mas o valor para iniciá-la não está estabelecido (classe IIa).
Comentário Cardiopapers: na prática ainda utilizamos o CHA2DS2VASc com os mesmos valores de corte da FA. Isso contudo é discutível como vimos neste post.
5. Ibutilide (IV), ou dofetilide intra-hospitalar (IV ou VO) são recomendados para reversão de FLU (classe I).
Comentário Cardiopapers: não disponível no Brasil.
6. ATP (Overdrive suppression) é recomendado para reversão de FLU em pacientes portadores de marcapasso ou desfibrilador (classe I).
7. Amiodarona (IV) não é recomendada para FA pré-excitada (classe III).
Comentário Cardiopapers: amiodarona é classe III em FA pré-excitada. Porém, é a medicação disponível no Brasil. Sua infusão deve ser acompanhada por médico com desfibrilador ao lado. Considere CVE mesmo que o paciente esteja estável.
8. EEF para realizar estratificação de risco em pacientes com pré-excitação ventricular assintomática deve ser considerado (classe IIa).
9. Ablação por cateter é recomendada em pacientes assintomáticos com pré-excitação, quando testes invasivos com isuproterenol identificam critérios de alto risco: intervalo RR ≤ 250 ms, período refratário efetivo da via acessória ≤ 250 ms, múltiplas vias e a indução de taquicardia mediada pela via acessória (classe I).
10. Avaliação não invasiva de uma via acessória em pacientes assintomáticos pode ser considerada (classe IIb).
Comentário Cardiopapers: é o que costuma ser feito no InCor para a maioria dos pacientes. Casos específicos devem ser individualizados.
11. Ablação por cateter pode ser considerada em pacientes assintomáticos com pré-excitação e via acessória de baixo risco na estratificação invasiva ou não invasiva (classe IIb).
Comentário Cardiopapers: principalmente, no meu ponto de vista, quando se trata de uma via acessória de baixo risco de complicações durante o procedimento invasivo e a equipe de eletrofisiologia tem boa experiência.
12. Ablação por cateter deve ser considerada em pacientes assintomáticos com pré-excitação ventricular e disfunção do VE por dissincronismo (classe IIa).
Comentário Cardiopapers: quando se suspeita que a via acessória é a causa da dessincronia.
13. Ablação do nó AV com colocação de marcapasso (biventricular ou estimulação do HIS) é recomendada se a taquicardia responsável pela taquicardiomiopatia não pode ser ablacionada ou controlada por fármacos (classe I).
14. Durante o primeiro trimestre de gestação é recomendado que todos os antiarrítmicos sejam evitados, quando possível (classe I).
15. Em mulheres grávidas, betabloqueadores seletivos – B1, (exceto atenolol) ou verapamil, em ordem de preferência, devem ser considerados para prevenir TSV em pacientes sem síndrome de W.P.W. (classe IIa).
Comentário Cardiopapers: todos os betabloqueadores podem causar bradicardia e hipoglicemia no feto, porém os betabloqueadores seletivos têm menos chance da causar alterações de relaxamento uterino. Diltiazem tem efeito teratogênico em animais. O verapamil é considerado mais seguro que o diltiazem.
16. Em mulheres grávidas, flecainide ou propafenona devem ser consideradas para prevenção de TSV em pacientes com síndrome de W.P.W. e sem doença cardíaca isquêmica ou estrutural (classe IIa).
Comentário Cardiopapers: no Brasil temos apenas a propafenona. A diretriz não cita o uso de sotalol.