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Ponte miocárdica: o que é e quão frequente acontece?
Escrito por
Fábio Augusto
Publicado em
25/6/2018
O músculo cardíaco é irrigado pelas artérias coronárias, que são vasos epicárdicos. Ponte miocárdica é uma anomalia congênita na qual um segmento da artéria coronária percorre um trajeto intramiocárdico com extensão e profundidade variáveis, ao invés de percorrer o seu trajeto epicárdico normal.
Sua real prevalência é desconhecida pois varia de acordo com o método utilizado para detectar essa variante anatômica. Em estudos com angiotomografia coronariana a prevalência encontrada foi ao redor de 16-22%, chegando até a 80% em estudos de necropsia. Estima-se que essa anomalia esteja presente em 25% da população.
Dica:
- Embora a ponte miocárdica possa ser encontrada em qualquer artéria coronária, o acometimento mais comum é na artéria descendente anterior.
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O quadro clínico de pacientes com ponte miocárdica é bem variado. Na maioria das vezes, a ponte miocárdica é um achado incidental e o paciente não apresenta sintomas. No entanto, pacientes com ponte miocárdica podem se apresentar com isquemia silenciosa, angina estável, síndromes coronarianas agudas e existem relatos de arritmias ventriculares e até mesmo de morte súbita.
O diagnóstico é realizado através de exames de avaliação anatômica (cinecoronariografia, angiotomografia de coronárias), podendo ser complementados com provas funcionais.
Na cinecoronariografia, a ponte miocárdica aparece como um estreitamento de um segmento da artéria coronária durante a sístole ou sinal de “ordenha” do vaso, com uma descompressão completa ou parcial na diástole, que pode ser exacerbada com nitrato intracoronário (vídeo).
Exemplos de ponte miocárdica na artéria descendente anterior:https://youtu.be/7ypuN9p7Gdohttps://youtu.be/oqBWPPLRcds
O ultrassom intracoronário também é uma ferramenta que pode ser útil na investigação, aumentando a taxa de detecção de ponte miocárdica e melhor caracterizando seu comprimento, espessura e localização, auxiliando também na detecção de doença aterosclerótica na ponte ou adjacente a ela não detectada pela cinecoronariografia.
A angiotomografia de coronárias também contribuiu para o diagnóstico e caracterização da ponte miocárdica, pois possibilita a visualização do lúmen, da parede da artéria e do miocárdio, sendo portanto mais acurada que a cinecoronariografia.
A avaliação funcional pode ser realizada de maneira invasiva (FFR / iFR) ou não invasiva.
O FFR é calculado pela relação da PA média distal à lesão com a PA média da raiz da aorta. Em artérias com ponte miocárdica há um aumento da PA sistólica distal à ponte quando comparado à pressão proximal, devido ao “overshooting” da PA sistólica, causada pela compressão da artéria. Isso pode causar uma elevação errônea da PA média utilizada no cálculo do FFR tradicional, subestimando o real significado fisiológico da ponte miocárdica. Recomenda-se realizar o FFR calculando a relação da PA diastólica e utilizando dobutamina como estresse farmacológico.
Já o iFR utiliza a pressão no período livre de ondas na diástole do ciclo cardíaco, não sofrendo influência da PA sistólica.
Dica:
- O iFR apresenta melhor correlação com provas funcionais não-invasivas quando comparado ao FFR tradicional.
Os métodos não invasivos como cintilografia miocárdica, ecocardiograma de estresse e ressonância magnética cardíaca também podem ser utilizados para avaliar o significado funcional da ponte miocárdica, devendo ser realizados com esforço físico ou farmacológico com dobutamina.
Nos próximos post vamos discutir o tratamento.