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As principais diretrizes do mundo recomendam anticoagulação oral dos pacientes portadores de fibrilação atrial (FA) ou flutter atrial (FLU) e CHA2DS2-VASc escore ≥ 2. Mas o risco de acidente vascular cerebral (AVC) é o mesmo para essas duas arritmias? Apesar de serem frequentemente abordadas em conjunto, a resposta para esta pergunta ainda não está bem estabelecida.
Um estudo recém-publicado, JAMA Network Open. 2018;1(4):e180941, avaliou de forma retrospectiva 219.416 pacientes de um banco de dados de Taiwan entre os anos de 2001 a 2012. 188.811 pacientes tinham FA, 6.121 pacientes tinham FLU e 24.484 formavam uma coorte controle, portanto com indivíduos sem arritmias.
A densidade de incidência de AVC (eventos por 100 pessoas-ano) nos pacientes com FA foi significante maior, para todos os níveis de CHA2DS2-VASc, quando comparada ao grupo controle. Porém, a densidade de incidência de AVC nos pacientes portadores de FLU só foi significantemente maior, quando comparada ao grupo controle, quando o CHA2DS2-VASc ≥ 5.
Os autores do estudo concluem que novas pesquisas são necessárias para se avaliar o benefício líquido no uso de anticoagulantes orais para prevenção de AVC em pacientes com FLU conforme as recomendações atuais, ou seja, quando o CHA2DS2-VASc escore ≥ 2. No presente trabalho, o benefício líquido só foi demonstrado quando o CHA2DS2-VASc ≥ 5.
Comentário do Cardiopapers: este é um importante estudo que tenta responder uma questão relevante sobre anticoagulação oral em pacientes com flutter atrial. Por se tratar de um trabalho retrospectivo de análise de banco de dados, apesar dos ajustes necessários terem sido feitos, ele não representa uma evidência definitiva sobre o tema e, portanto, novos estudos prospectivos e randomizados são necessários para se dar mais robustez aos achados acima. Outro ponto importante é nos certificarmos de que os pacientes portadores de FLU não fazem, também, episódios de FA.