ECG: Por Que Temer o Plus / Minus Anterior?

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ECG: Por Que Temer o Plus / Minus Anterior?

O diagnóstico e estratificação de Síndromes coronarianas Agudas, como todos sabem, utilizam parâmetros eletrocardiográficos. As alterações do Segmento ST ( infra e Supra) e da Onda T ( inversão) são os dados mais amplamente conhecidos e contemplados nos mais diversos guidelines e Diretrizes.

Nas SCA, muitos devem ter percebidos que os cardiologistas ficam preocupados quando observam no ECG de um paciente em investigação de dor torácica a Onda T com características bimodais com um componente positivo ( concavidade para cima) seguidos de um componente Negativo ( concavidade para baixo) nas derivaçoes referentes à parede anterior. A esta manifestação denominamos de Plus / Minus anterior e no contexto de avaliação de dor torácica aguda caracteriza a Síndrome de Wellens.

O histórico da Síndrome de Wellens começou em 1980 com um trabalho do Dr Gerson em que correlacionou o que ele chamou de inversão de onda U ( componente terminal da onda T com concavidade para baixo) com acometimento de coronária descendente anterior proximal. Porém foi realmente descrita .em 1982 por Zawan, Wellens e colaboradores. Os autores acompanharam 145 pacientes internados por angina instável, sendo que 18% deles evidenciavam alterações Onda T no ECG que as conferiam alto risco e apresentavam características comuns, sendo estabelecidos os critérios da síndrome . Estes pacientes , Apesar de terapia medicamentosa agressiva para época, 75% dos portadores destas alterações evoluíram, em algumas semanas, com IAM anterior extenso quando não revascularizados o que correlacionou-se como lesão grave em ADA proximal.

Critérios Eletrocardiográficos:

1) ondas T bifásicas ou profundamente invertidas em V2 e V3 ou, ocasionalmente, V1, V4, V5 e V6;

2) enzimas cardíacas normais ou minimamente elevadas;

3) segmento ST normal ou minimamente elevado (< 1 mm);

4) sem perda da progressão de ondas R em derivações precordiais;

5) ausência de ondas Q patológicas;

6) dor torácica anginosa.

VARIANTES DA SINDROME DE WELLENS

• Tipo 1: Onda T bifásica (plus/minus) nas derivações V2 e V3 ( 24% dos casos)

• Tipo 2 : Onda T com inversão profunda e simétrica, tipicamente, nas derivações V2 e V3, podendo ocorrer em V1-V4 e, eventualmente, em V5 e V6 ( 76% dos Casos)

Portanto, creio que na estratificação de risco na SCA sem supra a presença de critérios para síndrome de wellens deveria classificar o paciente como alto risco e justificar estratégia invasiva precoce. Atualmente o plus / minus anterior nem entra na estratificação.

REFERÊNCIAS:

1)Gerson MC, McHenry PL: Resting U wave inversion as a marker of stenosis of the left anterior descending coronary artery. Am J Med 1980;69:545–550

2) de Zwaan CBF, Wellens HJ: Characteristic electrocardiographic pattern indicating a critical stenosis high in left anterior descending coronary artery in patients admitted because of impending myocardial infarction. Am Heart J 1982;103:730–736

3) Movahed MR: Wellens’ Syndrome or Inverted U-waves? Clin. Cardiol. 31, 3, 133–134 (2008)

4) Appel-da-Silva MC, Vaz R e colaboradores: Síndrome de Wellens Arq Bras Cardiol 2010; 94(4) : e116-e119