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A propafenona é um fármaco anti-arrítmico da classe IC de Vaughan-Williams, agindo com efeito predominante de bloqueador dos canais rápidos de sódio.
Tem efeito estabilizador de membrana na célula miocárdica. Prolonga, dependendo da dose, o tempo refratário nos átrios e ventrículos. Tem um efeito fraco como betabloqueador não específico.
Por via oral, tem um pico de ação de 1 a 3 horas. É metabolizado no fígado (lembrar de reduzir a dose se disfunção hepática). Tempo de meia-vida de 5 a 8hs (15 a 20h, dependendo de características de metabolização do CYP2D6, que ocorre em 7% da população,).
INDICAÇÃO
Podemos indicar no tratamento e profilaxia de extrassístoles e/ou taquiarritmias ventriculares e supraventriculares.
Por ter um efeito de retardar a condução tanto no NAV como na via acessória, é uma das drogas de escolha para pacientes com a síndrome de Wolff-Parkinson-White.
COMO USAR
Vem na apresentação de comprimidos de 150mg ou 300mg, dependendo do laboratório, ou Ampola 70mg em 20ml. A dose por via oral costuma iniciar em 150mg 2-3x/dia podendo chegar até 300mg 3x/dia. Repetir ECG em 1-2 semanas.
Quando vamos fazer a estratégia de pill-in-the-pocket, para tentar reversão de fibrilação atrial no pronto socorro, utilizamos 600mg VO de ataque (ou 450mg se < 70kg). Considera-se revertido com sucesso se retornar ao ritmo sinusal até 6 horas após a administração.
Quando usado na emergência para casos de fibrilação atrial buscando controle do ritmo, recomenda-se administrar betabloqueador ou bloqueador de canal de cálcio (verapamil ou diltiazem) 30 minutos antes da propafenona, com objetivo de prevenir resposta ventricular elevada caso o ritmo passe para flutter 1:1. (que pode ocorrer em 3,5-5,0%)
Para considerar indicar a estratégia de pill-in-the-pocket extra-hospitalar, o paciente deve ter utilizado essa estratégia pelo menos 1 vez em pronto socorro anteriormente.
Havendo disponibilidade da formulação endovenosa, poderia ser utilizada na dose de 1 a 2mg/kg EV em 10 minutos. Repetir se necessário após 90 a 120 minutos. Duração do efeito: 2-4hs.
CUIDADOS DURANTE O USO
Lembrar sempre de reavaliar o eletrocardiograma durante a fase de ajuste de dose. Pode haver aumento da duração do QRS ou do intervalo QT. Se aumento do QTc > 20%, considerar reduzir ou suspender a droga até normalização do ECG. Avaliar também a presença de distúrbios hidroeletrolíticos.
O uso associado à cumarínicos pode aumentar o efeito anticoagulante. Pode aumentar também o efeito de digoxina e metoprolol.
CONTRA-INDICAÇÕES
Disfunção ventricular de VE, hipertrofia de VE e isquemia miocárdica / doença coronariana; choque cardiogênico (exceto se causado por taquiarritmia), bradicardia acentuada (<50bpm), síndrome bradi-taqui, transtornos pré-existentes de alto grau das conduções sinoatrial, atrioventricular e intra-ventricular; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), hipotensão acentuada; hipersensibilidade aos componentes; miastenia gravis.
Cuidado se IAM recente (< 2 anos), intervalo QT limítrofe, disfunção hepática e/ou renal. Em pacientes com marcapasso, o uso da propafenona pode alterar limiares de sensibilidade e estimulação, sendo necessária reavaliação das funções do aparelho após ajuste de dose.
EFEITOS COLATERAIS
Podem ocorrer em até 15% dos pacientes, com obstipação, gosto metálico, confusão mental. Hipotensão postural; bradicardia. Pode haver colestase, que indica reação de hipersensibilidade e é reversível com a suspensão do tratamento. Raramente: leucopenia, plaquetopenia, agranulocitose.
USO NA GRAVIDEZ: C. Não se conhece seus efeitos sobre o feto. Usar somente se o possível benefício materno justificar o risco fetal. Evitar no primeiro trimestre. Não se sabe se a propafenona é excretada no leite materno.
Nomes comerciais: Ritmonorm®, Vatis®, Tuntá®, Genéricos.