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Já falamos previamente aqui sobre os critérios de Vereckei para o diagnóstico diferencial de taquiarritmias com complexo QRS largo. Basicamente eles utilizam a derivação aVR para fazer esta diferenciação entre taquicardia ventricular (TV) e taquicardia supraventricular com aberrância ou com bloqueio de ramo pré-existente.
Mas, qual a lógica de usar aVR. Por que não outra derivação? Simples. As arritmias supraventriculares por definição surgem acima dos ventrículos (átrios ou junção atrioventricular). Assim sendo, o vetor da despolarização dos ventrículos irá se direcionar de cima para baixo e, portanto, será negativo em aVR.
Já em alguns casos de TV, esta lógica se inverte e o vetor que irá despolarizar os ventrículos se direciona no sentido de aVR. O exemplo mais fácil para ilustrar é o de uma arritmia que surja no ápice do ventrículo esquerdo.
Ou seja, presença de onda R em aVR é = TV. Isto pode ser visto em 1 ou 2 segundos ao se deparar com um ECG com taquicardia com QRS largo!
Toda TV vai compleo QRS predominantemente positivo em aVR? Logicamente, não. Digamos, por exemplo, que o foco da TV se localize na porção basal do septo interventricular. Neste caso, o estímulo elétrico irá se direcionar desta região para baixo, fugindo de aVR. Desta forma, iremos ver um complexo QRS predominantemente negativo neste caso.
Ou seja:
Taquicardia de QRS largo + onda R em aVR = TV
Taquicardia de QRS largo + ausência de onda R em aVR não descarta TV