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Stent Farmacológico é tão efetivo quanto cirurgia na disfunção grave do ventrículo esquerdo?
Escrito por
Giordano Bruno
Publicado em
20/6/2016
Os guidelines colocam a revascularização cirúrgica como indicação discutível e individualizada em pacientes com insuficiência cardíaca e FEVE inferior a 35%, mesmo havendo uma tendência clássica a se considerar o maior benefício da cirurgia versus angioplastia quanto pior a fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Estudo recente publicado na Circulation avaliou 4.616 pacientes multiarteriais com FEVE < 35% indicados para CRM ou angioplastia com stent farmacologico de última geração (everolimus). Os grupos foram pareados de acordo com critérios de risco basais.
A curto prazo, houve risco 95% menor de AVC no grupo stent (0,1% x 1,8%; p=0,004), sem diferença na mortalidade e reintervenção.
A longo prazo (4 anos), a mortalidade foi igual em ambos os grupos, com maior risco de infarto no grupo stent (11,3% x 5,6% p=0,0003), havendo entretanto interação quando consideramos revascularização completa através da angioplastia que não se associou a maior risco de infarto. A chance de necessitar de novo procedimento de revascularização foi 2 vezes maior no grupo do stent.
Em resumo, o estudo demonstra que a cada 100 pacientes que se opta por stent ao invés de cirurgia no seguimento de 4 anos:
- Não modificamos mortalidade
- 5 pacientes terão infarto
- Menos 2 pacientes terão AVC
- 11 pacientes terão necessidade de novo procedimento
Limitações desse estudo
- Não comparou com tratamento conservador, opção viável apontada pelo estudo STICH
- Foi um estudo observacional, não randomizado, e mesmo que tenha havido um pareamento, provavelmente os pacientes devem ter sido selecionados de acordo com os riscos (não foi utilizado pareamento de acordo com escores pré-operatórios como EURO-score ou STS-score)
- Não foi considerada situações que tradicionalmente aumentam o sucesso da cirurgia como diabéticos, lesão proximal da descendente anterior e escore SYNTAX elevado.
Mesmo assim, considerando uma análise de mundo real, é muito importante informar aos pacientes durante a decisão as possíveis consequências de se optar pelo stent (mais infarto e reinternamentos para nova revascularização), mesmo que a mortalidade seja igual.
Link para o estudo: