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O que é bem sabido sobre a amiodarona?
- Trata-se do anti-arrítmico mais efetivo disponível no Brasil. Para uma revisão sobre esta droga, acesse este link.
- A amiodarona tem muitos efeitos colaterais bem conhecidos: microdepósitos em córnea (> 90%), fotossensibilidade (4-9%), toxicidade pulmonar (2-17%), hipotireoidismo (6%), hipertireoidismo (2%), elevação de transaminases (15-30%), toxicidade hepática (1%), tremor/ataxia (3-35%), neuropatia periférica (0,3%), insônia, distúrbios de memória, delirium, alteração da cor da pele (4-9%), neurite óptica (< 1%), prolongamento do intervalo QT e bradiarritmias (2-4%).
Quais as indicações para se prescrever um anti-arrítmico?
- Melhorar os sintomas do paciente.
- Controlar arritmias muito frequentes como extrassístoles ventriculares ou arritmias atriais com resposta ventricular muito elevada para se evitar taquicardiomiopatia.
- Reduzir o risco de morte arrítmica.
Os melhores estudos sobre prevenção primária de morte arrítmica com uso ISOLADO de amiodarona demonstraram alguma proteção? NÃO!!! Quais foram esses estudos? MADIT (1996), MUSTT (1999), MADIT II (2002), CAT (2002), AMIOVIRT (2003), DEFINITE (2004) e SCD-HeFT (2005). Repito: em nenhum deles o uso ISOLADO de amiodarona, sem o implante de CDI, preveniu mortalidade.
Posto isso, por que é tão frequente encontrarmos a prescrição de amiodarona em pacientes assintomáticos, sem risco de taquicardiomipatia e sem eventos clínicos prévios? Ou seja, apenas para se “limpar” o holter?
Acreditamos que tal conduta se deva pela insegurança da classe médica em lidar com arritmias cardíacas. As evidências mostram não haver qualquer benefício em se prescrever amiodarona nesse cenário.
Dica: se o seu paciente é assintomático, não tem risco de taquicardiomiopatia e não tem eventos clínicos prévios....não prescreva amiodarona!!!!! Não há benefícios e os efeitos colaterais são bem conhecidos. Encaminhe seu paciente para um especialista para investigação diagnóstica.
Referências: