Ablação de Fibrilação Atrial: Quando Indicar?

Compartilhe
Ablação de Fibrilação Atrial: Quando Indicar?

Umas das principais causas de insucesso na ablação de fibrilação atrial (FA) é a má indicação do procedimento. Pacientes bem selecionados e que tem a sua expectativa sintonizada ao que realmente o procedimento pode oferecer são o primeiro passo para o sucesso.

Segundo o último Guideline Europeu de FA publicado em 2016, European Heart Journal (2016): 37, 2893-2962, ablação de fibrilação atrial está indicada nos seguintes casos:

  1. Pacientes sintomáticos com FA paroxística, que têm recorrências sintomáticas apesar do uso de antiarrítmicos (AA), como: amiodarona, propafenona ou sotalol. Classe de indicação (CI) Ia – Nível de evidência (NE) A
  2. Ablação pode ser considerada como primeira escolha para prevenir recorrências e melhorar sintomas em pacientes selecionados com FA paroxística como uma alternativa aos AA considerando a escolha do paciente, riscos e benefícios. CI: IIa – NE: B
  3. Todos os pacientes submetidos ao procedimento devem receber anticoagulação oral (ACO) por pelo menos 8 semanas após o procedimento. CI: IIa – NE: B
  4. Mesmo após procedimentos bem sucedidos de ablação, a ACO deve ser mantida indefinidamente se o paciente já tinha indicação de ACO antes do procedimento. CI: IIa – NE: C
  5. Ablação deve ser considerada em pacientes sintomáticos com insuficiência cardíaca (IC) para melhorar sintomas e a fração de ejeção do ventrículo esquerdo quando taquicardiomiopatia é suspeitada. CI: IIa – NE: C
  6. Ablação por cateter pode ser considerada em pacientes sintomáticos com FA persistente refratária a AA para melhorar sintomas, considerando a escolha do paciente, os riscos e benefícios.CI: IIa – NE C

Considerações importantes:

  1. Ablação por radiofrequência é um procedimento, que até o momento, apesar dos notáveis avanços, não cura FA e sim melhora os seus sintomas. Portanto a melhor indicação é em pacientes sintomáticos. Os resultados para FA paroxística são melhores quando comparados a FA persistente.
  2. Pelo Guideline Europeu, até o momento, não se indica ablação de FA para se retirar o ACO do paciente. Se ele tinha indicação de ACO antes do procedimento, ela deverá permanecer após.
  3. A ablação de FA deve ser feitas por profissionais experientes e que tenham um bom volume de procedimentos.
  4. Apesar de ser um procedimento seguro em mãos experientes, não é isento de complicações como: exposição a radiação, estenose de veias pulmonares, paralisia do nervo frênico, tamponamento cardíaco, AVC/AIT, fístula esofágica, complicações vasculares e morte (< 0,2%).