Quando devo dar a vacina contra influenza após uma SCA?

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Evidências apontam para uma associação temporal entre infecção por influenza e eventos cardiovasculares. Além disso, dados de meta-análises de ensaios randomizados mostram que a vacina contra influenza pode reduzir eventos cardiovasculares, sendo tal redução mais pronunciada em pacientes que sofreram uma síndrome coronária aguda (SCA). (Quer saber mais sobre isto? Cheque em https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/vacinacao-para-influenza-diminui-mortalidade-no-paciente-cardiopata/). Mas, quando devo dar a vacina contra influenza após uma SCA? Esta questão motivou o estudo VIP ACS, apresentado no Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia 2022 e publicado simultaneamente no periódico European Heart Journal. Este foi um estudo brasileiro, multi-cêntrico, randomizado, aberto, com adjudicação cega de desfechos (Quer entender melhor o que é isso? Confira o nosso Curso Cardiopapers de Medicina Baseada em Evidência: https://lp2.cardiopapers.com.br/mbe-matriculas-perpetuo-vitrine/ ). Um total de 1801 pacientes foram randomizados para duas estratégias de vacina contra influenza após uma SCA: uma dose dobrada, durante a mesma hospitalização, logo antes da alta versus vacina em dose convencional 30 dias após a alta. Os pacientes foram seguidos por 12 meses, sendo o desfecho primário o composto de morte, infarto, AVC, angina instável, hospitalização por insuficiência cardíaca, revascularização coronária de urgência ou hospitalização por infecções respiratórias.O uso da vacina dose dobrada antes da alta não resultou em redução do desfecho primário comparado à dose convencional após a alta (win ratio 1,02; IC 95% 0,79-1,32; P = 0,84). Também não houve redução do desfecho secundário principal, o composto de morte cardiovascular, infarto ou AVC (win ratio 0,94; IC 95% 0,66-1,33; P = 0,72). O uso da vacina dose dobrada intra-hospitalar foi seguro, sem aumento na incidência de eventos adversos tais como dor local ou febre, comparado à vacina dose convencional após a alta.Os dados do estudo VIP ACS sugerem que o uso da vacina contra influenza após SCA em dose dobrada e pré alta não resulta em melhores desfechos em relação à estratégia convencional de vacinar pós alta. Entretanto, estes resultados não devem desvalorizar a importância da vacina contra influenza após SCA, que é considerada classe I em todas as diretrizes. Dessa maneira, a vacinação em si, independente da dose ou do tempo após a hospitalização, deve ser oferecida amplamente a todos os pacientes. Tal estratégia visa não só a reduzir complicações infecciosas como também desfechos cardiovasculares.REFERÊNCIASFonseca HAR, Furtado RHM, Zimerman A, Lemos PA, Franken M, Monfardini F, Pedrosa RP, Patriota RLS, Passos LCS, Dall'Orto FTC, Hoffmann Filho CR, Nascimento BR, Baldissera FA, Pereira CAC, Caramori PRA, de Andrade PB, Esteves C, Salim EF, da Silva JH, Pedro IC, Silva MCR, de Pedri EH, Carioca ACRD, de Piano LPA, Albuquerque CSN, Moia DDF, Momesso RGRAP, Machado FP, Damiani LP, Soares RVP, Schettino GP, Rizzo LV, Nicolau JC, Berwanger O. INFLUENZA VACCINATION STRATEGY IN ACUTE CORONARY SYNDROMES: THE VIP-ACS TRIAL. Eur Heart J. 2022 Aug 28:ehac472. doi: 10.1093/eurheartj/ehac472. Epub ahead of print. (https://academic.oup.com/eurheartj/advance-article/doi/10.1093/eurheartj/ehac472/6675569?login=false)