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TRANSLATE-ACS: o prasugrel na vida real
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
25/9/2014
O estudo TRANSLATE-ACS foi um estudo observacional que incluiu 11.969 pacientes com IAM com e sem supra de ST tratados com angioplastia e medicados com prasugrel ou clopidogrel. Desses, 3123 pacientes utilizaram o prasugrel e 8846 pacientes o clopidogrel.
O uso do prasugrel foi associado a um menor risco de trombose de stent, mas maior risco de sangramento.
Pela própria metodologia do estudo, haviam algumas diferenças entre os grupos; os pacientes tratados com prasugrel eram mais jovens, haviam mais homens e mais pacientes com IAM com supra ST. Tinham menor probabilidade de ter um IAM prévio, Revascularização miocárdica prévia ou AVC / AIT prévio, e maior probabilidade de receber um stent farmacológico.
Os eventos cardiovasculares maiores - MACE (composto de morte, IAM, AVC ou revascularização não planejada) foi significamente maior no grupo clopidogrel do que no grupo prasugrel (17,3% vs 13,5% - p < 0,0001).
Apesar disso, devido às diferenças citadas, quando realizada uma análise ajustada para fatores de confusão, não houve diferença significativa de eventos.
Na análise ajustada, o uso do prasugrel esteve associado a menores taxas de trombose de stent. A taxa de trombose de stent foi próxima a 1%, e o prasugrel reduziu o risco de trombose de stent em 37% (análise por intenção-de-tratar). Em relação aos sangramentos moderados ou graves, houve uma risco 30% maior com o uso do prasugrel.
Certamente um estudo observacional não tem o peso de um estudo randomizado, como o TRITON-TIMI 38, que mostrou que o prasugrel reduziu significamente novo infarto e trombose de stent. Mas serve para mostrar que, na prática, pelo menos nos serviços estudados, o prasugrel foi indicado nos grupos que mais provavelmente apresentariam benefícios (mais jovens, em IAM com supra ST, sem AIT/AVC prévio).