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Sotalol: você sabe usar esta medicação?
Escrito por
Pedro Veronese
Publicado em
3/5/2017
O sotalol, uma mistura racêmica do L-sotalol e do D-sotalol, é um antiarrítmico da classe III de Vaughan Williams. O L-sotalol possui propriedades de betabloqueador e do D-sotalol é um antiarrítmico que atua na corrente de potássio de retificação retardada.
As principais indicações desse fármaco são:
1. Arritmias atriais: extrassísitoles atriais, taquicardias atriais não sustentadas e taquicardias atriais sustentadas.
2. Taquicardias paroxísticas supraventriculares.
3. Fibrilação atrial e flutter atrial para manutenção do ritmo sinusal. É contra-indicado para reversão dessas arritmias.
4. Arritmias ventriculares: extrassísitoles ventriculares, taquicardias ventriculares não sustentadas e sustentadas (em pacientes com e sem cardiopatia estrutural).
Contraindicações:
1. Pacientes com intervalo QTc prolongado (QTc > 440ms para homens e QTc > 460ms para mulheres).
2. Pacientes com disfunção ventricular esquerda.
3. Pacientes com hipertrofia ventricular esquerda importante (Septo ou parede > 14mm).
4. Broncoespasmo (contraindicação relativa).
Essa medicação pode prolongar o intervalo QTc e causar torsades de pointes em até 2-3% dos pacientes, principalmente quando doses mais elevadas são utilizadas, quando há associação de outros fármacos que também prolongam o intervalo QTc, na presença de disfunção ventricular esquerda e na doença renal crônica (devido a metabolização predominantemente renal desta droga).
As doses de sotalol são: 120 a 480mg/dia. Ao se introduzir esta medicação ou após se aumentar a dose ou após a introdução de fármacos que também prolonguem o intervalo QTc, um ECG deve ser sempre solicitado para se avaliar o intervalo QTc.
Nota do editor (Eduardo Lapa): muitas vezes vemos os médicos usando basicamente a amiodarona para manter o ritmo sinusal em pacientes com fibrilação atrial paroxística. Contudo, esta medicação possui inúmeros efeitos colaterais (tireoideanos, pulmonares, entre outros) e assim, seu uso é restrito a apenas alguns pacientes, como, por exemplo, pacientes com disfunção ventricular. A grande maioria dos outro pacientes que apresentam cardiopatias em graus menos avançados podem ser tratados com outras medicações, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais. O sotalol entra neste contexto.
Dica: paciente coronariopatia com fração de ejeção preservada + FA paroxística = droga de escolha para manter em ritmo sinusal é o sotalol.
E se o paciente não tiver coronariopatia, for apenas um hipertenso com HVE discreta que começou com FA paroxística? Neste caso recomenda-se o uso de propafenona. Mas definitivamente não se deve ficar prescrevendo amiodarona como regra, mas sim como exceção devido aos seus efeitos colaterais.