Sangramento digestivo durante uso de novos anticoagulantes: posso ou não voltar a medicação?

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Sangramento digestivo durante uso de novos anticoagulantes: posso ou não voltar a medicação?

O trato gastrointestinal (TGI) é um dos principais focos de sangramentos em pacientes usando novos anticoagulantes. Mas o que fazer com a anticoagulação oral depois de passado o sangramento agudo? Voltar o anticoagulante e correr o risco de recorrência do sangramento? Deixar sem anticoagulante e deixar o seu paciente com fibrilação atrial sob risco de ter um AVC? O novo guideline europeu sobre novos anticoagulantes (NOACs) dá algumas dicas.

Resumindo:

  • Paciente tem marcadores que indicam baixo risco de sangramento como: havia uma causa bem definida para o sangramento (ex: úlcera pética duodenal) e que foi tratada no evento agudo (ex: esclerosado a úlcera); pacientes mais jovens; ausência de necessidade de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) associada, etc - a tendência é retornar-se com o NOAC após alguns dias do evento agudo (4-7 dias em geral)
  • Pacientes que possuem um ou mais marcadores de risco para ressangramento: sem causa definida para o sangramento no TGI ou que possuem causa definida mas esta não pode ser tratada (ex: múltiplas angiodisplasias); necessidade de uso de DAPT associadamente (ex: stent farmacológico colocado recentemente); >75 anos; alcoolistas crônicos; sangramento que ocorreu enquanto o paciente não estava efetivamente usando o NOAC - nesse caso cabe ao médico avaliar o risco x benefício de manter a anticoagulação e discutir com o pcte a sua visão do assunto. Pode ser considerado nestes casos o emprego do dispositivo de oclusão do apêndice atrial esquerdo.

Referência: Steffel J, et al. The 2018 EuropeanHeart RhythmAssociation PracticalGuide on the use of non-vitamin K antagonist oral anticoagulants in patients with atrial fibrillation. European Heart Journal (2018) 00, 1–64 doi:10.1093/eurheartj/ehy136