Ressonância cardíaca na investigação de doença coronariana estável?

Compartilhe

Em artigo recente publicado no JACC Imaging realizado por pesquisadores da Universidade de Ulm na Alemanha foram acompanhados prospectivamente 200 pacientes com suspeita de doença arterial coronária estável e risco intermediário, randomizados em dois grupos com estratégias diferentes para investigação e tratamento baseado nos achados da cineangiocoronariografia (CATE) ou da Ressonância Cardíaca de Estresse com adenosina (RMC) durante 3 anos com o objetivo de comparar desfechos clínicos (morte e infarto não fatal - endpoint primário) e de qualidade de vida (usando o questionário de angina de Seattle - SAQ).

Os resultados demonstraram taxa de revascularização significativamente maior no grupo investigado com CATE (45,9%) do que no investigado com RMC (28,1%). Ao final do terceiro ano não houve diferença estatística entre os grupos quanto ao endpoint primário (taxa de eventos 4,1% vs 9,4% com p 0,25) embora essa tendência a maior taxa de eventos não tenha permitido atingir o critério de não inferioridade. Ao final do primeiro ano houve melhora dos parâmetros de qualidade de vida medidos pelo SAQ nos pacientes do grupo RMC. Essas diferenças não se reproduziram ao final do seguimento de 3 anos.

Estudos anteriores com o CE-MARC ou o MR-INFORM já haviam demonstrado que a investigação funcional por RMC é segura e reduz a taxa de revascularização, sem diferença em desfechos clínicos de curto prazo. No seguimento de 5 anos do CE-MARC o resultado da RMC foi preditor de eventos cardiovasculares maiores em comparação ao SPECT, independente dos fatores de risco ou resultado do CATE.

Em resumo: a estratégia de investigação de pacientes com suspeita de DAC estável é segura, reduz taxas de revascularização e não apresenta diferença estatisticamente significativa em desfechos cardiovasculares com melhora de parâmetros de qualidade de vida no primeiro ano de seguimento.

Estudos em andamento como o ISCHEMIA poderão agregar informações definitivas quando as estratégias de investigação de pacientes com DAC estável.

Referência: Comparing Cardiac Magnetic Resonance–Guided Versus Angiography-Guided Treatment of Patients With Stable Coronary Artery Disease. Results From a Prospective Randomized Controlled Trial. Buckert, D. JACC: CARDIOVASCULAR IMAGING, VOL. 11, NO. 7, 2018 JULY 2018:987–96