Para o risco residual, a inflamação pode ser mais importante que LDL

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Para o risco residual, a inflamação pode ser mais importante que LDL

Na avaliação do risco residual, em pacientes de prevenção secundária ou alto risco para doença aterosclerótica, já em uso de estatinas, a inflamação pode desempenhar um papel mais importante do que o próprio LDL.

O que é risco residual?

O risco residual refere -se ao risco de um novo evento cardiovascular (prevenção secundária), mesmo após o paciente estar sob tratamento otimizado e com mudanças no estilo de vida.

Por que avaliar o risco residual com foco na inflamação e colesterol?

A aterosclerose é uma doença inflamatória arterial, na qual o LDL colesterol desempenha um papel fundamental. Estudos epidemiológicos anteriores em pessoas não tratados já mostraram que tanto a inflamação quanto a hiperlipidemia contribuem de forma semelhante para o risco de eventos cardiovasculares futuros. No entanto, quando um paciente faz uso de estatinas, a interação entre inflamação e hiperlipidemia no risco de eventos cardiovasculares futuros pode mudar, o que tem implicações na escolha da terapêutica cardiovascular adjuvante.

Um grupo de pesquisadores buscou entender a importância relativa da proteína C-reativa (PCR) e do LDL como determinantes de risco para eventos cardiovasculares em pacientes recebendo estatinas. Eles fizeram uma análise conjunta dos dados de pacientes com alto risco para desenvolverem doença aterosclerótica, ou já estabelecida, de três grandes ensaios clínicos contemporâneos: PROMINET, REDUCE-IT, STRENGHT. Os participantes desse estudo foram divididos em quartis de PCR e de LDL para estimar o risco residual como preditor de eventos cardiovasculares e morte.

Quais os achados desta nova análise?

Foram avaliados 31.245 pacientes. A relação de cada biomarcador com a incidência de eventos cardiovasculares subsequentes foram idênticos nos três estudos. O risco inflamatório residual foi significativamente associado à menor incidência de:

  • eventos cardiovasculares adversos maiores: HR = 1,31, IC 95% 1,20–1,43; p<0,0001;
  • mortalidade cardiovascular: HR = 2,68, IC 95% 2,22–3,23; p<0,0001; e
  • mortalidade por todas as causas: HR = 2,42, IC 95% 2,12–2,77; p<0,0001.

Por outro lado, o risco residual com base no LDL foi:

  • neutra para eventos cardiovasculares adversos maiores: HR = 1,07, IC 95% 0,98–1,17; p=0,11;
  • de baixa magnitude para morte cardiovascular: HR = 1,27, IC 95% 1,07–1,50; p=0,0086;
  • e morte por todas as causas: HR = 1,16, IC 95% 1,03–1,32; p=0,025.
Qual a mensagem principal?

Em pacientes em prevenção secundária para aterotrombose, ou com alto risco para doença aterosclerótica, que utilizam estatinas regularmente, a inflamação foi um preditor mais forte para o risco de eventos futuros e morte do que o LDL.

E agora, quais as implicações?

Estas informações podem repercutir na combinação de tratamentos, para além da estatina em uso. Eles sugerem que o uso combinado de terapias agressivas de redução de lipídios e inibição da inflamação pode ser necessário para reduzir ainda mais o risco aterosclerótico.

Portanto, se os médicos devem escolher entre um segundo agente hipolipemiante, ou prescrever um agente anti-inflamatório, ainda permanece incerto. De toda a forma, esta evidência reforça a importância relativa do risco residual inflamatório em quando comparados com o risco residual pelo LDL em pacientes sob uso de estatinas.

Mais destaques do terceiro dia da Cobertura do ACC 2023 você assiste aqui!ReferênciasRidker PM, Bhatt DL, Pradhan AD, et al., on behalf of the PROMINENT, REDUCE-IT, and STRENGTH Investigators.]Inflammation and Cholesterol as Predictors of Cardiovascular Events Among Patients Receiving Statin Therapy: A Collaborative Analysis of Three Randomized Trials. Lancet 2023;Mar 6:[Epub ahead of print].