Revascularização miocárdica usando enxerto de mamária bilateral ou unilateral. Qual é a melhor opção?

Compartilhe

A abordagem convencional cirúrgica para revascularização miocárdica é o uso de artéria torácica interna (mamária) esquerda associado a enxertos venosos de safena ou arteriais de a. radial. A patência angiográfica do enxerto arterial de mamária é de mais de 90% em 10 anos, comparado com cerca de 50% do enxerto venoso. Assim, o uso de 2 enxertos arteriais de mamária parece ser uma opção interessante.

Para analisar essa questão foi desenvolvido o estudo ART, apresentado essa semana no congresso da American Heart Association.

Os resultados apresentados foram da análise de 5 anos do estudo, que está programado para 10 anos. Foram avaliados 3.102 pacientes de 2 centros de cirurgia cardíaca de 7 países.

1.554 pacientes foram randomizados para o grupo de uso de a. mamária unilateral e 1.548 no grupo bilateral.

Em 5 anos, a mortalidade foi de 8,7% no grupo bilateral vs 8,4% no grupo unilateral (p 0,77) – desfecho primário.

O desfecho secundário – composto de morte por qualquer causa, infarto miocárdio e AVC foi de 12,2% vs 12,7%, respectivamente (p 0,69).

Já a taxa de complicação da ferida operatória esternal foi maior no grupo que usou as artérias mamárias bilateralmente, como esperado – 3,5% vs 1,9% (p 0,005), e a taxa de reconstrução esternal foi de 1,9% vs 0,6% (p 0,002).

Assim, não foram demonstradas diferenças significativas dos resultados cirúrgicos daqueles que receberam o enxerto unilateral ou bilateral, pelo menos não nos resultados de 5 anos. A taxa de complicação da ferida esternal foi maior no grupo bilateral.

Aguardamos os resultados de 10 anos do estudo.

Referência

Randomized Trial f Bilateral versus Single Internal-Thoracic-Artery Grafts. Taggart DP, Altman DG, Gray AM et al. N Eng J Med 2016. Published on line on November 14.