Resultados do SURMOUNT-5: quem venceu a batalha entre tirzepatida versus semaglutida?

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Nos últimos anos, agonistas dos receptores de GLP-1 e, mais recentemente, agonistas duplos de GIP e GLP-1 têm demonstrado eficácia clínica significativa na redução de peso corporal. A tirzepatida, um agonista duplo dos receptores GIP e GLP-1, emergiu como uma opção terapêutica eficaz e segura para o tratamento da obesidade. Mas será que ela é mesmo superior à semaglutida? Para responder de vez a esta pergunta, foram publicados os dados do SURMOUNT-5, que teve como objetivo comparar a eficácia e segurança da tirzepatida versus semaglutida em adultos com obesidade, mas sem diabetes mellitus tipo 2. Foi avaliada a superioridade da tirzepatida, nas doses máximas toleradas (10 mg ou 15 mg), em relação à semaglutida (1,7 mg ou 2,4 mg), quanto à redução de peso e circunferência abdominal após 72 semanas de tratamento.

 

O SURMOUNT-5 é um ensaio clínico randomizado, controlado, multicêntrico, de fase 3b e aberto. Participaram 751 adultos com IMC ≥30 kg/m² ou ≥27 kg/m² com pelo menos uma comorbidade relacionada à obesidade. Foram excluídos pacientes com diabetes, uso recente de medicamentos para perda de peso ou de análogos de GLP-1, e com variações recentes significativas no peso corporal. Os participantes foram randomizados (1:1) e receberam semanalmente a dose máxima tolerada de tirzepatida ou semaglutida por via subcutânea. A randomização foi realizada por sistema eletrônico, com orientação de escalonamento e manejo de efeitos adversos.

 

Dos participantes randomizados, 750 receberam ao menos uma dose da medicação e 85% completaram o estudo. A tirzepatida foi superior à semaglutida na redução percentual do peso corporal: -20,2% vs. -13,7% (IC95%, -8,1 a -4,9; P<0,001). A redução média de peso absoluto foi de -22,8 kg com tirzepatida e de -15,0 kg com semaglutida. Além disso, 64,6% dos participantes no grupo tirzepatida atingiram perda ≥15% do peso corporal vs. 40,1% com semaglutida. A circunferência abdominal reduziu-se em média -18,4 cm com tirzepatida e -13,0 cm com semaglutida (P<0,001).

 

Ambos os grupos apresentaram melhora nos parâmetros cardiometabólicos (pressão arterial, HbA1c, perfil lipídico), proporcional à magnitude da perda de peso. Os eventos adversos mais comuns foram gastrointestinais, majoritariamente leves a moderados, sendo mais prevalentes no início do escalonamento da dose. Eventos adversos levaram à descontinuação do tratamento em 6,1% dos pacientes do grupo tirzepatida e em 8,0% do grupo semaglutida.

 

A tirzepatida demonstrou superioridade clínica à semaglutida quanto à redução de peso corporal e circunferência abdominal em adultos com obesidade sem diabetes, com perfil de segurança comparável. Esses achados reforçam o potencial da tirzepatida como uma terapia eficaz no manejo da obesidade, possibilitando maiores magnitudes de perda de peso e impactando positivamente fatores de risco cardiometabólico.