Compartilhe
Quando mandar um paciente para angioplastia primária? Indo além do supra de ST
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
18/11/2018
Normalmente pensa-se em angioplastia primária (de emergência) quando o paciente possui infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra de ST. Já vimos os critérios de IAM com supra neste post. Mas, há alguma outra situação em que podemos mandar um paciente para ATC primária? Sim. A diretriz europeia de IAM com supra de ST cita alguns padrões eletrocardiográficos atípicos. Seriam eles:
- Pacientes com bloqueios de ramo. Tanto BRE como classicamente aceito como BRD como já falamos neste post. Lembrando que no caso do BRE temos os critérios de Sgarbossa para refinar o diagnóstico. Estes mesmos critérios podem ser usados em pacientes em que o BRE é induzido por marca-passo mas perdem acurácia neste cenário.
- Infra de ST de V1 a V3. Nestes casos pode-se tratar de um IAM "posterior" associado, devendo-se fazer as derivações V7 a V9 para checar se há supra destas. Havendo, manda-se o paciente para a angioplastia primária. por que colocamos o termo posterior entre aspas? Veja neste post.
- aVR suprado + infra de ST de 6 ou mais derivações. Este padrão tende a sugerir lesão de tronco de coronária esquerda ou acometimento multiarterial. Ver este artigo.
Ou seja, peguei um paciente com sintomas persistentes sugestivos de isquemia e com algum dos padrões acima, a tendência é mandar para cate de emergência.
Um outro padrão que a diretriz europeia não coloca nas indicações mas que já é bem conhecido é o chamado padrão de de Winter. Trata-se de um infra de ST ascendente associado a ondas T apiculadas em derivações precordiais e está associado à oclusão/suboclusão da descendente anterior. Aqui está o relato original de 2008 e aqui um relato de caso do New England de 2018.