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Trombofilias: quando investigar? Que exames pedir?
Escrito por
Alexandre Soeiro
Publicado em
9/10/2017
Uma das situações mais comuns na qual nos deparamos na prática clínica é a definição de quando e como investigar trombofilias em pacientes com eventos embólicos ou trombóticos. Para ajudar a responder essa pergunta, foi publicada recentemente uma revisão específica sobre o assunto. Os pontos mais importantes serão ressaltados abaixo:
Em quais pacientes com evento tromboembólico devo solicitar a investigação?
- Pacientes com menos de 50 anos sem nenhum fator provocativo identificado ou relacionado apenas a um fator causador fraco (cirurgia menor, redução de mobilidade, uso de anticoncepcionais);
- História familiar positiva para eventos (principalmente familiar de primeiro grau jovem);
- Evento tromboembólico recorrente;
- Comprometimento de local incomum (esplâncnico/cerebral).
Por quanto tempo devo anticoagular os pacientes?
- A princípio a anticoagulação é indicada por 3 meses;
- Após esse período, pacientes que apresentaram evento relacionado à grandes cirurgias, imobilização ou traumas, podem suspender a anticoagulação;
- Quando identificada trombofilia, a indicação é para o resto da vida;
- Em pacientes com primeiro evento sem fator causador relevante associado, orienta-se aplicar o escore DASH após 3 meses. Quando < 1 pode-se suspender a anticoagulação. Quando > 1, deve-se mantê-la indefinidamente;
- O escore DASH caracteriza-se por:
- D=d-dímero alterado após parar a anticoagulação = +2 pontos
- Idade < 50 anos = +1 ponto
- Sexo masculino = + 1 ponto
- Evento não associado à terapia hormonal = -2 pontos
Quando investigar trombofilias?
- A orientação é realizar os teste somente após parar a anticoagulação na fase inicial;
- A depender do medicamento anticoagulante, a orientação de suspensão antes da coleta dos exames é a seguinte:
- Varfarina – 2 semanas
- Novos anticoagulantes – 2 dias
- Enoxaparina – 24 horas
-
Que exames devo solicitar?
- Os exames a serem solicitados são:
- Mutação do fator V de Leiden
- Protrombina mutante
- Antitrombina III
- Proteína C
- Proteína S
- Pesquisa de SAAF - Anticoagulante lúpico/Anticardiolipina/Beta2-glicoproteína-1
Referência: NEJM 2017;377 (12).