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Qual o melhor anticoagulante para tromboses relacionadas a câncer?
Escrito por
Mônica Ávila
Publicado em
10/2/2022
O melhor tratamento de eventos tromboembólicos em pacientes com câncer estabelecido é a heparina de baixo peso molecular. Ela se mostrou mais eficaz quando comparada aos antagonistas da vitamina K. Os novos anticoagulantes orais (NOACS) tem sido avaliados para esse fim com resultados promissores. Uma metanálise viva (é abordagem que permite a atualização constante da revisão) recente comparou o uso de NOACS com a dalteparina no tratamento da trombose relacionada ao câncer.
A metanálise avaliou 51 estudos elegíveis e incluiu 4 ensaios clínicos randomizados na análise comparando a dalteparina subcutânea com NOACS (endoxabana, rivaroxabana e apixabana). A duração do tratamento foi de 6 meses. Dois estudos incluíram pacientes com câncer ativo e os outros 2 com antecedente de câncer. O número total de pacientes avaliados no estudo foi de 2.894. A maioria dos pacientes (91,5%) possuía câncer de órgão sólido e mais da metade (61,1%) apresentaram doença metastática. O câncer mais comum foi o câncer colorretal (18,8%). A manifestação trombótica mais comum foi a trombose venosa profunda (38,8%).
Um total de 214 (7,3%) de eventos tromboembólicos foram observados, 82 (5,6%) no grupo NOACS e 132 (9,1%) no grupo dalteparina. Os NOACS diminuíram em 41% a recorrência dos eventos tromboembólicos em relação à deltaparina. Em relação a sangramentos, 121 (4,2%) de eventos ocorreram, sendo 69 (4,8%) no grupo NOACS e 52 (3,6%) no grupo dalteparina, sem diferença significante entre os grupos. Entretanto, os sangramentos não maiores clinicamente relevantes (total de 269 - 9,2%) foram maiores no grupo NOACS (162 - 11,2%) em relação à dalteparina (107 – 7,3%). Entre os sítios de sangramento, o estudo sugere que os NOACS não aumentaram o sangramento do trato gastrointestinal, mas aumentaram o sangramento geniturinário. Já os sangramentos intracranianos, sangramentos fatais e mortalidade foram semelhante entre os grupos. Avaliando separadamente os NOACS, ambas apixabana e rivaroxabana diminuíram a recorrências de eventos tromboembólicos quando comparados a dalteparina.
O estudo mostra, portanto, que o tratamento de trombose relacionada ao câncer com os NOACS poderia prevenir a recorrência de trombose de maneira mais eficaz do que a dalteparina, sem impacto em sangramentos maiores, mas com cuidado maios naqueles pacientes com alto risco para sangramentos.
Referência