Qual a ligação entre a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada e a fibrilação atrial?

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Qual a ligação entre a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada e a fibrilação atrial?

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) e a fibrilação atrial (FA) são condições que frequentemente coexistem, apresentando características clínicas e epidemiológicas semelhantes. Ambas compartilham de fatores de risco em comum como envelhecimento, diabete melito, obesidade, hipertensão arterial e apneia do sono e estão associadas com inflamação sistêmica, rigidez vascular e disfunção diastólica.

A FA é, ao mesmo tempo, uma condição preditora e uma complicação da ICFEP. Os mecanismos mais aceitos envolvem remodelamento e fibrose atrial e ativação neuro-hormonal. O diagnóstico da ICFEP na presença de FA é desafiador pois os sintomas se sobrepõem e as alterações ecocardiográficas e de peptídeos natriuréticos na FA podem confundir o diagnóstico de ICFEP.

O prognóstico da associação de ICFEP com FA é pior do que de cada condição isoladamente, com maior incidência de acidente vascular cerebral e hospitalização por descompensação da IC.

Até o momento não existem tratamentos específicos para ICFEP e FA. O bloqueio neuro-hormonal na ICFEP não tem o mesmo efeito de redução de mortalidade observado na ICFER. A anticoagulação está indicada para pacientes com FA que apresentem fatores de risco para eventos tromboembólicos. Não existe nenhum estudo randomizado exclusivo sobre anticoagulação da FA na ICFEP, mas a evidência disponível sugere que a eficácia seja similar à ICFER. O tratamento disponível deve ser direcionado ao alívio sintomático e controle de comorbidades, como controle pressórico e glicêmico, diureticoterapia na congestão, perda ponderal e atividade física. A ablação da FA na ICFEP parece melhorar a função diastólica nos pacientes que consigam manter o ritmo sinusal. No entanto, o controle de ritmo nesses indivíduos pode ser difícil pois são geralmente idosos e com múltiplas comorbidades que dificultam o sucesso da reversão. Em idosos muito sintomáticos, é razoável adotar a estratégia de controle da frequência para otimizar o tempo de enchimento ventricular. Em estudo de fase II, a droga LCZ696 (sacubitril/valsartan) foi capaz de reduzir as cavidades atriais de pacientes com ICFEP. O papel da terapia de ressincronização miocárdica na ICFEP em pacientes com FA ainda precisa ser melhor esclarecido.

Kotecha D, Lam CS, Van Veldhuisen DJ, Van Gelder IC, Voors AA, Rienstra M. Heart Failure With Preserved Ejection Fraction and Atrial Fibrillation: Vicious Twins. J Am Coll Cardiol. 2016;68(20):2217-28.