Quais exames laboratoriais tenho que fazer antes de começar um novo anticoagulante para o meu paciente?

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Quais exames laboratoriais tenho que fazer antes de começar um novo anticoagulante para o meu paciente?

Lá está você com um paciente em fibrilação atrial e com indicação formal de usar anticoagulação oral. Quais os exames laboratoriais básicos que temos que checar antes de prescrever um novo anticoagulante para este paciente? O que a diretriz europeia recomenda é:

  • Hemograma completo – caso o paciente tenha anemia microcítica, hipocrômica e com RDW aumentado, por exemplo, provavelmente apresenta ferropenia como causa. Mas por onde este paciente está perdendo sangue? Isso é prioritário de saber antes de iniciar anticoagulação. Vai que este paciente possui uma úlcera pética duodenal ou um câncer gástrico até então não diagnosticado? Além disso, o hemograma completo irá lhe permitir ver os níveis de plaquetas. Apesar de plaquetas abaixo de 50.000 não serem contraindicação absoluta à anticoagulação, há aumento do risco de sangramento nestes casos. Além disso, mais uma vez, a busca da etiologia da alteração laboratorial é importante. Uma plaquetopenia discreta associada a uma anemia pode muito bem ser o primeiro indício de uma mielodisplasia, por exemplo.
  • Função renal – todos os NOACs têm seus efeitos modificados na presença de disfunção renal mais avançada. Iremos fazer um post específico disto mais à frente.
  • Função hepática – hepatopatias mais avançadas também aumentam o risco de sangramentos com o uso de NOACs. Deste modo, é bom termos uma função hepática basal de início.
  • Coagulograma – ajuda a descartar coagulopatias existentes que poderiam aumentar risco de complicações hemorrágicas com o uso dos NOACs.

Estas mesmas recomendações são transponíveis também para o uso da varfarina, obviamente.

Referência: Steffel J, et al. The 2018 EuropeanHeart RhythmAssociation PracticalGuide on the use of non-vitamin K antagonist oral anticoagulants in patients with atrial fibrillation. European Heart Journal (2018) 00, 1–64 doi:10.1093/eurheartj/ehy136