Compartilhe
Quais as diferenças das diretrizes internacionais em relação ao manejo da Doença Arterial Periférica?
Escrito por
Eduardo Sansolo
Publicado em
16/12/2018
A edição de 4 de Dezembro do JACC (Journal of the American College of Cardiology) trouxe uma análise comparativa sobre as diretrizes americana (AHA/ACC) e europeia (ESC/ESVC) sobre o diagnóstico e tratamento da Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), com especial ênfase nas discordâncias dos dois documentos.
Na última década, tivemos a publicação de vários estudos sobre o manejo da DAOP, o que levou à revisão das diretrizes sobre a doença das principais sociedades. Em 2016, a American Heart Association (AHA) e o American College of Cardiology atualizaram a sua diretriz de 2005, enquanto em 2017 a European Society of Cardiology (ESC) junto com a European Society of Vascular Surgery (ESVC) fizeram o mesmo com sua diretriz de 2011.
As principais diferenças consistem no foco dado pela diretriz e no público-alvo. Enquanto a diretriz americana consistiu numa revisão aprofundada sobre a DAOP exclusivamente dos membros inferiores e voltadas para médicos generalistas, a diretriz europeia abrangeu, superficialmente, toda doença aterosclerótica vascular não-coronariana e foi endereçada a cardiologistas, primariamente.
Segue abaixo uma tabela comparativa com similaridades e discordâncias das duas diretrizes:
Similaridades ACC/AHAESC/ESVCDiagnósticoRecomendam contra uso de métodos de imagem como primeira ferramenta diagnóstica. Estes devem ser precedidos pelo Índice Tornozelo-Braço nos pacientes suspeitos de serem portadores de DAOP.Redução dos fatores de risco e tratamento clínicoAbolir tabagismo, uso de estatina, controle da hipertensão e da glicemia, reabilitação com exercícios físicos supervisionados, antiagregação plaquetária
DiscordânciasACC/AHAESC/ESVCFocoRevisão aprofundada sobre a DAOP exclusivamente de membros inferioresAbrangência de todos territórios não-coronarianos da doença vascular ateroscleróticaPúblico-AlvoMédicos em geralCardiologistasMétodoIncluiu estudos menores não-randomizados, desde que bem desenhados (67 estudos)Apenas estudos randomizados, sendo os menores nível de evidência C (18 estudos)Antiagregação sintomáticosAspirina = Clopidogrel para redução de eventos cardiovascularesClopidogrel > Aspirina para redução de eventos cardiovascularesAntiagregação assintomáticosAspirina ou Clopidogrel se ITB anormal (Classe IIa) ou borderline (Classe IIb)Não recomenda antiagregação para pacientes assintomáticosManejo da Claudicação IntermitenteCilostazol (Classe I)Não recomenda cilostazol (falta de evidência clínica)RevascularizaçãoÊnfase no acompanhamento pós-operatório e cuidado da feridaMaior atenção às várias técnicas e estratégias de revascularização
Referências bibliográficas:
Aaron P. Kithcart, Joshua A. Beckman et al. ACC/AHA Versus ESC Guidelines for Diagnosis and Management of Peripheral Artery Disease. Journal of the American College of Cardiology 2018; 72 (22): 2789-801