Pré-diabetes: o que mudou no guideline 2023 da ADA?

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Recentemente foi publicada a versão 2023 do famoso "Standards of Care in Diabetes" da American Diabetes Association. Entre as novidades do novo guideline estão atualizações sobre a abordagem de pacientes com pré-diabetes. Veja abaixo os principais pontos, com atenção especial para os trechos em destaque:

  • Adultos com sobrepeso ou obesidade portadores de pré-diabetes devem iniciar mudanças do estilo de vida para atingir e manter uma redução de peso de pelo menos 7% por meio de uma dieta saudável com redução de calorias e atividade física de intensidade moderada ≥ 150 min/semana.
  • O tratamento farmacológico com metformina para prevenção do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) deve ser considerado para aqueles pacientes com idade entre 25-59 anos, IMC maior ou igual a 35 kg/m2, glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL, HbA1c ≥ 6,0% ou mulheres com história de diabetes gestacional.
  • Considerando que o pré-diabetes está associado ao aumento do risco cardiovascular, sugere-se a triagem e o tratamento de fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, como hipertensão, dislipidemia e tabagismo.
  • O guideline reconhece que a terapia com estatina pode aumentar o risco de DM2 em pacientes de alto risco. Nesses indivíduos, o status glicêmico deve ser monitorado regularmente e as abordagens de prevenção do diabetes devem ser reforçadas. Entretanto, não é recomendado que as estatinas sejam descontinuadas. Em estudos de prevenção primária de doenças cardiovasculares, os benefícios cardiovasculares e de mortalidade da terapia com estatina excedem o risco de diabetes, sugerindo um balanço benefício-dano favorável com a terapia com estatina.
  • Em pessoas com histórico de acidente vascular cerebral e evidência de resistência à insulina e pré-diabetes, a pioglitazona pode ser considerada para diminuir o risco de acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio. Tal recomendação é baseada nos resultados do estudo IRIS (Insulin Resistance Intervention after Stroke). É importante lembrar, contudo, que o uso da piglitazona está associado a um aumento do risco de ganho de peso, edema e fraturas. Sendo assim, a prescrição de doses mais baixas pode mitigar o risco desses efeitos adversos.
  • Além do grupo de maior risco de evolução para diabetes, para o qual deve ser considerado tratamento farmacológico, o novo guideline também cita que uma abordagem preventiva mais intensiva deve ser considerada em pacientes que apresentam uma glicemia de 2h no TOTG entre 173-199 mg/dL.

Referência:ElSayed NA, Aleppo G, Aroda VR, et al., American Diabetes Association. 3. Prevention or delay of type 2 diabetes and associated comorbidities: Standards of Care in Diabetes—2023. Diabetes Care 2023;46(Suppl. 1): S41–S48