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Pcte com síndrome coronariana aguda e anemia - quando transfundir?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
9/5/2012
É bastante comum vermos pctes com síndrome coronariana aguda e anemia. Também é comum vermos em UTIs e enfermarias os médicos dizendo que pctes com doença arterial coronária devem ficar com os níves de Hb > 10. Mas qual a evidência desta observação? Quando devemos transfundir? O que os guidelines mais atuais recomendam?
Já vimos em outro tópico que o guideline europeu de SCA sem supra de ST orienta uma estratégia restritiva para hemotransfusão nestes pctes:
A principal evidência para esta recomendação veio do seguinte trabalho: Alexander KP, Chen AY, Wang TY, Rao SV, Newby LK, LaPointe NM, Ohman EM, Roe MT, Boden WE, Harrington RA, Peterson ED. Transfusion practice and outcomes in non-ST-segment elevation acute coronary syndromes. Am Heart J 2008;155:1047–1053.
Neste estudo foram avaliados mais de 40.000 pctes do registro americano CRUSADE. Dividiu-se os pctes em grupos de acordo com o hematócrito - < ou = 24%, 24,1% a 27%; 27,1% a 30% e >30%. Após várias correções de outros fatores chegou-se a conclusão de que transfusão de concentrado de hemácias com o Ht < ou = a 24% apresentava uma ten^dencia a diminuir a mortalidade. No grupo de Ht entre 24% e 27% - não possuía efeito sobre a mortalidade. E com Ht>27% - havia uma tendência da transfusão aumentar a mortalidade. Obviamente não é a melhor evidência possível uma vez que não é um ensaio clínico randomizado. Contudo, é a melhor evidência que temos no momento. Além disso, é um dado que concorda com outros estudos que avaliaram transfusão em pctes cardiopatas. O principal exemplo seria o estudo TRACS desenvolvido no Incor e que mostrou que em pctes em pós-operatório de cirurgia cardíaca com CEC uma estratégia de transfundir apenas se o Ht fosse <24% foi tão eficiente quanto transfundir se o Ht caísse abaixo de 30%.