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Com grande frequência, atendemos mulheres portadoras de obesidade que estão planejando gestar e, por este motivo, desejam orientações para o tratamento do excesso de peso. E não é para menos: a obesidade é, atualmente, o problema de saúde mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Tal condição está associada a inúmeras complicações obstétricas, neonatais e infantis.
Uma revisão publicada recentemente na New England Journal of Medicine apresentou os principais desfechos associados à condição de obesidade materna, além de sugestões para gerenciamento do quadro. Como destacado pela publicação, as repercussões do excesso de peso têm início antes mesmo da gestação, uma vez que é uma importante causa de infertilidade. Pacientes com obesidade possuem uma prevalência de oligovulação ou anovulação até três vezes maior que aquela observada em mulheres com peso normal.
Durante a gravidez, uma das principais preocupações é com o alto risco de diabetes mellitus gestacional (DMG). De acordo com algumas metanálises, o DMG é três e quatro vezes mais frequente em mulheres com obesidade. Os mecanismos subjacentes propostos incluem aumento da resistência à insulina, diminuição da resposta à insulina e aumento da inflamação sistêmica. Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia também são mais prevalentes entre as pacientes com obesidade. O risco estimado de pré-eclâmpsia dobra para cada aumento de 5 a 7 no IMC.
A obesidade materna também já foi associada ao risco aumentado de uma série de anomalias estruturais, especialmente defeitos cardíacos congênitos e defeitos do tubo neural. Além disso, várias metanálises documentaram relação entre o IMC materno e a ocorrência de macrossomia, mas não se sabe até que ponto esse achado é mediado pelo diabetes mellitus.
Com relação ao parto, um dado que chama a atenção é risco duas vezes maior de parto cesáreo em pacientes com obesidade. O excesso de peso de forma isolada não é uma indicação de parto cesáreo, mas algumas condições associadas contribuem para tais achados, como a taxa de dilatação cervical diminuída, presença de condições coexistentes, preocupação com distócia de ombro e ganho de peso excessivo durante a gravidez. No pós-parto, também há preocupações com maior risco de infecções, hemorragia e eventos tromboembólicos.
Novos estudos são necessários para entender melhor a magnitude dos riscos descritos e definir as melhores estratégias para gerenciamento da obesidade durante a gestação. No entanto, adotar hábitos de vida saudáveis antes e durante a gestação pode ajudar a minimizar os riscos complicações para as mulheres e seus filhos.