O papel do HDL colocado em xeque

Compartilhe
O papel do HDL colocado em xeque

Após cerca de 1 ano da apresentação dos resultados, o estudo HPS2-THRIVE (Heart Protection Study 2 – Treatment of HDL to Reduce te Incidence of Vascular Events) foi finalmente publicado no New England Journal of Medicine.

O HPS2-THRIVE foi um estudo de prevenção secundária com 25.673 pacientes que mostrou que a adição da niacina à estatina não mostrou benefício em redução de risco de eventos cardiovasculares maiores, como IAM ou AVC, quando comparada com a estatina isolada. Além disso, o grupo que utilizou niacina apresentou uma frequência maior de eventos adversos não fatais, como sangramento (intra-craniano e gastrointestinal), miopatias, infecções ou novo diagnóstico de DM.

Será o fim da niacina? Talvez não. O perfil de lípides basal desses pacientes foi muito criticado. O HDL médio no início do estudo foi de 44mg/dL, e o LDL médio de 63mg/dL. Na prática, certamente poucos pensariam em  utilizar niacina para esse perfil de pacientes.

Avaliando em conjunto, agora, os resultados dos estudos com torcetrapib e dalcetrapib – inibidores da enzima colesterol ester transferase (CETP) – que elevaram de forma significativa os valores de HDL sem benefícios clínicos, começamos a nos questionar se o HDL alto teria realmente uma relação causal com o baixo risco cardiovascular, ou se ele seria apenas um marcadores de risco.

Vários estudo observacionais mostraram que quem tem HDL alto tem menor taxa de eventos cardiovasculares. Isso significa que há uma associação entre altos níveis de HDL e melhores desfechos. Não quer dizer que HDL alto seja a causa de melhores desfechos.

Se o paciente é obeso, sedentário e tem HDL baixo, procuram uma droga mágica que eleve seu HDL e o proteja de eventos cardiovasculares. Talvez se ele conseguisse elevar o HDL emagrecendo, fazendo atividade física e com uma dieta mais adequada a história seria diferente.