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O HEART Score original é uma ferramenta amplamente utilizada para avaliar o risco de eventos cardíacos adversos maiores (MACE) em pacientes com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA). Ele considera cinco variáveis: história clínica, ECG, idade, fatores de risco e troponina. Apesar de eficaz, há limitações na capacidade do HEART original de identificar MACE quando apenas uma única medição de troponina convencional é usada, frequentemente necessitando de medidas seriadas, o que pode aumentar custos e atrasar decisões clínicas.
Leitura recomendada:
https://papers.afya.com.br/blog/dor-toracica-aguda-como-usar-o-heart-score-na-pratica
Para superar essas limitações, o HEART Score Recalibrado (rHEART) foi desenvolvido. Ele ajusta os limiares de troponina de alta sensibilidade (hs-TnT), diferenciando níveis abaixo do limite superior de normalidade. Além disso, incorpora limiares específicos por gênero (14 ng/L para mulheres e 22 ng/L para homens), permitindo uma avaliação mais personalizada. A principal justificativa para o rHEART é melhorar a segurança e a eficiência no manejo de SCA, especialmente no setor de emergência com alta demanda.
Estudo recente validou externamente o HEART Score Recalibrado em um hospital nos Estados Unidos, analisando 821 pacientes adultos com suspeita de SCA entre 2018 e 2020. A população incluía 54% de mulheres, 57% de hispânicos e 26% de negros. Apenas 8,3% dos pacientes apresentaram sintomas em menos de três horas antes da admissão, refletindo uma ampla variabilidade no tempo de apresentação.
Os resultados mostraram que o rHEART, com um único valor de hs-TnT, teve sensibilidade de 94,4% e valor preditivo negativo (VPN) de 99,3% para MACE em 30 dias. O desempenho foi semelhante ao usar limiares específicos por gênero. Pacientes avaliados após três horas do início dos sintomas apresentaram maior sensibilidade, chegando a 97% para MACE. Apenas dois pacientes de baixo risco foram incorretamente classificados e posteriormente diagnosticados com infarto sem supra.
Este estudo demonstrou que o rHEART pode ser uma ferramenta eficaz para identificar pacientes de baixo risco com segurança, reduzindo a necessidade de monitoramento prolongado e exames adicionais. Contudo, limitações como a baixa taxa de eventos e a necessidade de mais validações são necessários. Os achados reforçam a viabilidade do rHEART para simplificar o manejo de SCA, com potencial de mudanças nas diretrizes futuras.
Referências:
Suh, Edward Hyun et al. “External Validation of the Recalibrated HEART Score for Evaluation of Possible Acute Coronary Syndrome.” The American journal of cardiology vol. 229 (2024): 13-21.doi:10.1016/j.amjcard.2024.08.005