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Isolamento da Parede Posterior do Átrio Esquerdo Em Pacientes com Fibrilação Atrial

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Antes de falarmos do isolamento da parede posterior do átrio esquerdo na fibrilação atrial (FA), vamos relembrar alguns conceitos importantes ao leitor:

- Fibrilação atrial (FA) persistente é aquela que tem duração > 7 dias, incluindo episódios > 7 dias que foram interrompidos por cardioversão elétrica ou química.

- FA persistente de longa duração é aquela com duração > 12 meses, apesar da estratégia de controle do ritmo.

- A ablação por cateter é melhor que os antiarrítmicos (AA) para manutenção do ritmo sinusal, e segundo a Diretriz Europeia, ela é classe I em duas situações:

  1. Em paciente sintomáticos, com FA paroxística, ou FA persistente sem fatores de riscos maiores para recorrência, que falharam o uso de pelo menos um AA.
  2. Em pacientes sintomáticos, com FA paroxística ou persistente e insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida (ICFEr), considerando a vontade do paciente em fazer o procedimento. (Mais detalhes em: https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/ablacao-de-fibrilacao-atrial-quando-indicar/)

À luz do conhecimento atual, o principal objetivo na ablação por cateter da FA é o isolamento elétrico das veias pulmonares (PVI). Porém, devido à taxa de recorrência não desprezível após o procedimento, um artigo recém-publicado no JAMA, 2023; 329(2): 127-135, avaliou se o isolamento da parede posterior do átrio esquerdo (PWI) associado à técnica convencional contribuiria com a redução na recorrência de arritmia atrial (FA, flutter atrial ou taquicardia atrial). Desta forma, o estudo comparou PVI + PWI vs PVI isoladamente em pacientes com FA persistente submetidos pela primeira vez à ablação por cateter.

338 pacientes, média de idade de 65 anos, átrio esquerdo com aumento discreto a moderado (média 44 - 46 mm) foram randomizados 1:1 em 3 centros (Austrália, Canada e UK) para PVI + PWI (n = 170) vs PVI isoladamente (n = 168). O desfecho principal foi estar livre de qualquer arritmia atrial de mais de 30 segundos de duração sem uso de AA em 12 meses. 330 pacientes completaram o estudo. Após 12 meses, 89 pacientes (52,4%) designados para PVI + PWI estavam livres de recorrência de arritmia atrial sem AA após um único procedimento versus 90 pacientes (53,6%) designados a PVI isoladamente (diferença entre grupos, -1,2%; HR 0,99 [95% IC, 0,73-1,36]; P 0,98).

A conclusão dos autores:

Em pacientes com FA persistente submetidos à primeira ablação por cateter, a adição de isolamento da parede posterior do átrio esquerdo não melhorou de forma significativa o desfecho de estar livre de arritmia atrial em 12 meses. Esses achados não suportam a inclusão empírica de PWI na ablação de FA persistente.

Conclusão Cardiopapers:

Vejo com bons olhos que tanto a técnica do procedimento como a tecnologia dos materiais envolvidos na realização da ablação estejam em constante revisão e avanço, respectivamente. Pois, apesar da ablação ser mais eficiente que os AA na manutenção do ritmo sinusal, como já destaquei acima, a recorrência ainda é elevada. Destaco um desfecho secundário do estudo: estar livre de FA sintomática > 30 segundos em 12 meses após 1 ou 2 procedimentos de ablação foi 68,2% no grupo PVI + PWI vs 72% no grupo PVI. Ou seja, aproximadamente 30% de recorrência sintomática em 1 ano. Visto que esses pacientes tinham em média 65 anos, qual a % de recorrência quando atingirem 75 anos?

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