Impacto da sonotrombólise como terapia revolucionária e inovadora na recanalização de IAM

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A doença arterial coronária é responsável por um número significativo de mortes em todo o mundo. No Brasil, a taxa de mortalidade por essa doença corresponde a aproximadamente 25%, sendo metade dela por síndrome coronariana aguda. Os custos de nosso sistema único de saúde são altos e o acesso às terapias de eleição, como a intervenção percutânea e fibrinolítica, não é possível para a maioria da população. Neste contexto, a sonotrombólise desponta como terapia revolucionária e inovadora, uma vez que ondas ultrassônicas, associadas à infusão de microbolhas levam ao fenômeno de cavitação e, por meio da força de cisalhamento, possuem a capacidade de romper trombos, sem uso de agente fibrinolítico. Esta terapia, aplicada antes ou logo após a intervenção coronariana percutânea (ICP), mostrou-se eficaz na restauração da microcirculação coronária, melhorando as taxas de recanalização de artérias coronarianas, assim como o prognóstico de pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM).

A sonotrombólise mostrou ser uma terapia revolucionária e inovadora e tem sido estudada por vários grupos no mundo há mais de 15 anos, incluindo o grupo de Mathias e cols., aplicou esta terapia pela primeira vez em seres humanos no Brasil.

O ultrassom transtorácico de alta energia aplicado intermitentemente em associação com a infusão endovenosa de bilhões de pequenas microbolhas (aproximadamente 2 mícrons) causa intensa vibração dessas, levando à cavitação inercial e ao rompimento das microbolhas, devido ao fenômeno de cisalhamento, desestabilizando a infraestrutura do trombo. Em estudos recentes, esta terapia proporcionou melhora nas taxas de recanalização de artérias coronarianas e melhora da microcirculação coronária, com consequente melhoria do prognóstico de pacientes com IAM. Sua ação não se limita aos vasos epicárdicos, mas pode penetrar toda a microcirculação evitando indesejado fenômeno no-reflow. Mathias Jr. et al. demonstraram taxa de recanalização coronária de 48% no infarto agudo do miocárdio com supra desnivelamento do segmento ST (IAMCSST) usando sonotrombólise e angioplastia coronária transluminal percutânea (ATC), sem o uso de fibrinolíticos, em comparação com pacientes que receberam apenas ATC e que apresentaram taxa de recanalização coronária de 20%. Da mesma forma, as taxas de reperfusão de fluxo de grau 3 TIMI foram maiores no grupo de sonotrombólise e ATC (32%) versus 14% do grupo que recebeu apenas ATC. Correção do segmento ST ≥ 50% foi observada antes da ATC. Além disso, a função sistólica do ventrículo esquerdo no grupo sonotrombólise e ATC após um mês e 6 meses de acompanhamento foi maior em relação ao grupo que recebeu apenas ATC.

Figura 1 Eletrocardiograma 12 derivações antes e depois da sonotrombólise.

Figura 2 Ecocardiograma de perfusão, análise do Strain longitudinal pós ATC, 72 horas e 6 meses evidenciando melhora significativa.

REFERÊNCIAS

  1. Mathias W Jr, Tsutsui JM, Tavares BG, Fava AM, Aguiar MOD, Borges BC, Oliveira MT Jr, Soeiro A, Nicolau JC, Ribeiro HB, Chiang HP, Sbano JCN, Morad A, Goldsweig A, Rochitte CE, Lopes BBC, Ramirez JAF, Kalil Filho R, Porter TR; MRUSMI Investigators. Sonothrombolysis in ST-Segment Elevation Myocardial Infarction Treated With Primary Percutaneous Coronary Intervention. J Am Coll Cardiol. 2019 Jun 11;73(22):2832-2842.
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  1. Mathias, W., Jr, Arrieta, S. R., Tavares, G., Sbano, J., Tsutsui, J. M., Kutty, S., & Porter, T. R. (2019). Successful Recanalization of Thrombotic Occlusion in Pulmonary Artery Stent Using Sonothrombolysis. CASE (Philadelphia, Pa.), 3(1), 14–17. https://doi.org/10.1016/j.case.2018.11.006
  1. Mathias W Jr, Tsutsui JM, Tavares BG, Xie F, Aguiar MO, Garcia DR, Oliveira MT Jr, Soeiro A, Nicolau JC, Lemos PA Neto, Rochitte CE, Ramires JA, Kalil R Filho, Porter TR. Diagnostic Ultrasound Impulses Improve Microvascular Flow in Patients With STEMI Receiving Intravenous Microbubbles. J Am Coll Cardiol. 2016 May 31;67(21):2506-15.