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Estudo SURPASS 2: o efeito incretínico em um novo patamar?
Escrito por
Luciano França de Albuquerque
Publicado em
27/6/2021
Com o início do congresso da ADA os olhos do mundo voltam a se voltar para o diabetes. Na mira dos holofotes foi publicado na NEJM o estudo SURPASS-2, cuja apresentação no congresso está agendada apenas para a próxima terça, 29 de junho.
O estudo compara a Tirzepatida, um co-agonista GLP1/GIP de uso semanal, com a semaglutida, um agonista de GLP1 também semanal, e atualmente detentor do título de agente mais potente disponível no controle glicêmico e na redução do peso, de acordo com os resultados dos programas SUSTAIN e STEP, respectivamente.
Nesse embate inicial, a tirzepatida levou a melhor. O novo agente reduziu a HbA1c em até 2,3%, com mais de 80% dos pacientes alcançando as metas glicêmicas, além de ter reduzido o peso corporal em 11,2 kg, quase o dobro da perda alcançada com a semaglutida. Houve ainda melhora do perfil lipídico com redução de triglicerídeos e elevação do HDL, além de redução da PA sistólica em 6,5 mmHg e da diastólica em 3,9 mmHg.
Os efeitos adversos mais frequentes foram os relacionados ao sistema digestivo, com náusea, diarreia e vômitos em 22, 16 e 10% dos pacientes, respectivamente. A maioria dos eventos foi de leve a moderada intensidade e ocorreram nas primeiras 8 semanas do estudo, fase de titulação das doses, sugerindo efeito independente da dose.
Os resultados são empolgantes, porém é importante lembrar que a semaglutida já apresentou resultados bastante significativos no controle de peso com a dose de 2,4mg, não testada nesse ensaio. Além disso, é preciso aguardar os resultados relacionados aos desfechos cardiovasculares que virão com o estudo SURPASS-CVOT, com data de conclusão prevista apenas para outubro de 2024.