Fibrilação atrial: os resultados do estudo CABANA mudaram?

Compartilhe

O estudo CABANA publicado em 2019 acompanhou 2.204 pacientes com fibrilação atrial (FA) de início recente, ou FA paroxística, ou persistente, que foram randomizados para ablação por cateter vs antiarrítmicos com o objetivo de mantê-los em ritmo sinusal. O desfecho primário combinado do trabalho foi: mortalidade por todas as causas, acidente vascular cerebral com sequelas, sangramento grave ou parada cardíaca. A ablação por cateter não reduziu este desfecho primário e nem mortalidade por todas as causas. Para mais detalhes veja este post escrito por mim sobre o CABANA. Entretanto, a ablação por cateter se mostrou superior aos antiarrítmicos quando se avaliou o tempo de recorrência de FA. Mas e num seguimento mais prolongado desta população?

Recentemente, foi publicado o follow-up de 5 anos do estudo CABANA, Journal of the American College of Cardiology, 75 (2020) 3105-3118, que confirmou que a ablação por cateter reduziu a recorrência de qualquer tipo de FA em 48%. Nos pacientes sintomáticos a redução foi de 51%. A densidade de FA (burden) também foi significativamente reduzida no grupo ablação independente do tipo de FA.

Conclusão do Cardiopapers: assim como no estudo original, o follow-up de 5 anos confirmou algo que já suspeitávamos devido às evidências prévias. A

  • Ablação por cateter é mais efetiva que os antiarrítmicos para se reduzir recorrência de FA ou a sua densidade (burden).
  • Porém, note que este é um desfecho substituto, pois mesmo com menos FA, não houve redução dos desfechos clínicos principais, nem de mortalidade por todas as causas.
  • Desta forma, a ablação por cateter é uma opção melhor para se reduzir sintomas do que os fármacos antiarrítmicos, mas sem impacto em desfechos clínicos relevantes.

Referência:

  1. JAMA. 2019;321(13):1261-1274. doi:10.1001/jama.2019.0693