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Escore cálcio pode melhorar a aderência dos pacientes?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
27/3/2011
Esta semana foi publicado no JACC o trial EISNER ( Early Identification of Subclinical Atherosclerosis by Noninvasive Imaging Research). Neste estudo avaliou-se se a realização de escore de cálcio em pctes de prevenção primária (com fatores de risco para DCV mas sem lesão estabelecida) traria mudança no tratamento.
O estudo acompanhou 2137 pctes de prevenção primária e randomizou em relação a realização ou não do escore cálcio. O que se viu é que ao final do estudo o grupo que havia sido submetido ao exame apresentou níveis menores de pressão, LDL e circunferência abdominal. Tal resultado deveu-se tanto ao fato do número de medicações (basicamente estatinas e anti-hipertensivos) ter sido maior mas também pelo fato dos pctes terem aderido mais às medidas prescritas (tanto farmacológicas quanto não farmacológicas – mudança do estilo de vida).
Um argumento contra a estratégia de se realizar escore cálcio de uma forma mais liberal seria o fato do aumento do custo. Contudo, o que se viu no trial foi que não houve diferença importante entre os 2 grupos quando somado os custos de exames de imagem + medicações (3649 dólares no grupo controle x 4.063 dólares no grupo intervenção). Os pctes do grupo intervenção que tiveram esocre cálcio de zero foram menos submetidos a procedimentos não invasivos (ex: teste ergométrico ou cintilografia miocárdica) ou invasivos (cateterismo cardíaco) no seguimento de 4 anos, o que acabou diminuindo custos neste grupo.
Cada vez mais acho o escore cálcio uma ótima opção para estratificar melhor o risco cardiovascular em pctes de prevenção primária. O aspecto apresentado pelo estudo é bastante interessante. Muitas vezes os médicos prescrevem adequadamente as medidas necessárias para o risco do pcte mas o mesmo simplesmente não adere adequadamente ao tratamente. O pcte muitas vezes pensa – Para que usar várias medicações, muitas vezes caras, se eu não sinto nada? Contudo, o reforço de que já existe cálcio nas coronárias que pode levar a um IAM num futuro próximo pode ser o argumento necessário para aquele pcte pouco aderente começar a usar as medicações e adotar um estilo de vida mais saudável.
Lembrar que a AHA no seu guideline de prevenção primária coloca como recomendação 2A a realização de escore cálcio nos pctes de risco intermediário (framingham entre 10 e 20%).
Referência: Rozanski A, Gransar H, Shaw LJ, et al. Impact of coronary artery calcium scanning on coronary risk factors and downstream testing. J Am Coll Cardiol 2011; DOI:10.1016/j.jacc.2011.01.019.