E se eu pudesse reverter minha TPSV em casa?

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E se eu pudesse reverter minha TPSV em casa?

A estratégia “Pill in the Pocket” já em bem conhecida e validada para o tratamento da fibrilação atrial. E se o paciente com taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) pudesse fazer o mesmo? Tratar as suas crises se autoadministrando medicação fora do ambiente hospitalar?

O etripamil é um bloqueador de canal de cálcio administrado intranasal para reversão de TPSV que dependa do nó atrioventricular.

  • Quer saber mais sobre este fármaco? Veja esse post escrito por mim aqui.

O RAPID trial, publicado recentemente no Lancet, testou a eficácia e segurança do etripamil 70 mg spray nasal para autoadministração, em pacientes no extra-hospitalar, com sintomas de taquicardia sustentada. Os pacientes deveriam ter mais de 18 anos e eram submetidos a duas doses testes em ritmo sinusal para se verificar a tolerância à medicação antes da randomização.

Foram randomizados 692 pacientes de serviços americanos e europeus de outubro de 2020 a julho de 2022. Destes, 184 precisaram fazer a autoadministração, pois apresentaram TPSV no período (n=99 epitramil; e n=85 placebo).

E quais foram os resultados?

A taxa de conversão em até 30 min. foi 64% (63/99) no grupo etripamil vs 31% (26/85) no grupo placebo (HR 2,62; IC 95% 1,66 – 4,15; p< 0,0001). O tempo médio de reversão foi 17,2 min. (IC 95% 13,4-26,5) no grupo etripamil vs 53,5 min. (38,7 a 87,3) no grupo placebo. Os principais efeitos colaterais relacionados à medicação foram desconforto e congestão nasal, rinorreia e epistaxe. Todos com resolução espontânea.

Conclusão dos autores:

A autoadministração baseada em sintomas (dose inicial + uma dose extra se necessária) foi bem tolerada, segura e superior ao placebo para rápida reversão de TPSV. Essa abordagem pode encorajar o tratamento da TPSV fora do ambiente hospitalar e tem potencial de reduzir a necessidade de fármacos adicionais, como os endovenosos utilizados no serviço de emergência.

Conclusão Cardiopapers:

O tratamento de escolha e com altas taxas de cura de TPSV é, sem dúvida alguma, a ablação por cateter. Porém, o etripamil pode ser uma excelente opção para os pacientes que aguardam o procedimento invasivo ou que não queiram fazê-lo, aumentando sua autonomia e segurança, principalmente em viagens.

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Referência:

Stambler BS, Camm AJ, Alings M, et al.; RAPID Investigators. Self-administered intranasal etripamil using a symptom-prompted, repeat-dose regimen for atrioventricular-nodal-dependent supraventricular tachycardia (RAPID): a multicentre, randomised trial. Lancet. 2023 Jul 8;402(10396):118-128. doi: 10.1016/S0140-6736(23)00776-6. Epub 2023 Jun 15.