DHGM aumenta risco de insuficiência cardíaca?

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As preocupações com a Doença Hepática Gordurosa Metabólica -DHGM não se limitam às significativas morbidade e mortalidade relacionadas ao fígado, uma vez que tal condição também tem sido associada, de forma independente, ao aumento do risco cardiovascular. De fato, as doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte na população acometida pela DHGM.

Algumas metanálises já encontraram também uma associação entre DHGM e um maior risco de insuficiência cardíaca - IC, embora as publicações incluíssem um número relativamente pequeno de estudos e um tamanho de amostra modesto. Desta forma, a magnitude do risco e se esse risco muda com a gravidade da doença hepática permanece incerto.

Buscando esclarecer a relação entre DHGM e IC, foi publicada no Gut uma revisão sistemática e metanálise de 11 estudos de coorte longitudinais contendo mais de 11 milhões de pacientes. Confira os principais resultados encontrados:

  • Ao longo de um seguimento médio de 10 anos, foram identificados 97.716 casos de insuficiência cardíaca incidente entre os 11.242.231 indivíduos incluídos;
  • Os resultados indicaram que a presença de DHGM foi associada a um risco moderadamente maior de insuficiência cardíaca de início recente (HR, 1,50 [955 CI, 1,34-1,67]; P <0,0001, I2 = 94,8%);
  • O maior risco de IC se mostrou independente de idade, sexo, etnia, medidas de adiposidade, diabetes, hipertensão e outros fatores de risco cardiovasculares comuns;
  • Aqueles indivíduos com DHGM mais avançada tinham um risco ainda maior de insuficiência cardíaca, com estudos avaliando biomarcadores de fibrose indicando que aqueles com fibrose experimentaram aumentos ainda maiores no risco de insuficiência cardíaca de início recente (HR, 1,76 [IC 95%, 0,75-4,36]; I2=96,9%).

Não restam dúvidas de que a DHGM é parte de uma doença multissistêmica que afeta adversamente vários órgãos extra-hepáticos, incluindo o coração e os vasos. Novos estudos são necessários para elucidar a ligação complexa entre DHGM e insuficiência cardíaca, fornecendo dados que permitam não apenas compreender a relação estabelecida, mas saber se o tratamento da esteatose hepática é capaz de evitar o início da insuficiência cardíaca.