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Devo usar morfina em paciente com síndrome coronariana aguda?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
23/4/2021
Devo usar morfina na síndrome coronariana aguda? Diretrizes mais antigas falavam que sim. Basta ler o que está lá na Diretriz de 2013 da Sociedade Brasileira de Cardiologia:
Ou seja, era para fazer. Classe I é aquilo que tem benefício segundo os autores e que é para fazer de rotina.Mas isso foi em 2013. De lá para cá, novas evidências surgiram. Um dos trabalhos mais relevantes foi publicado pelo nosso colaborador Remo Holanda. Você pode ver o resumo aqui. Em resumo, foi visto que morfina poderia na verdade aumentar o risco de eventos cardiovasculares na síndrome coronariana aguda. Este efeito poderia ser secundário ao retardo na absorção de antiplaquetários, o que reduziria o efeito destes.Mediante esta e outras evidências, a nova diretriz da SBC de Síndrome Coronariana aguda sem Supra de ST (da qual eu e Dr Remo somos autores) trouxe nova recomendação em relação à morfina. Olha o que está lá:
Na prática então, como fazer? As medicações de primeira escolha para controle da dor torácica no paciente com SCA são os nitratos e os betabloqueadores (obviamente, desde que o paciente não tenha contraindicação a estes fármacos). Então, chegou lá para você um paciente com SCA sem supra e com dor torácica, geralmente se começa com nitrato sublingual ou, idealmente, nitroglicerina IV. Não controlou? Pensar em bbloq venoso. Não controlou, pensar em morfina e ficar atento que esse paciente está cursando com dor refratária. Nestes casos, a indicação geral é de fazer cateterismo cardíaco de emergência uma vez que o paciente pode estar com a artéria fechada.