Dar plantão noturno pode aumentar o risco de fibrilação atrial?

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Um recente estudo observacional demonstrou que trabalhadores noturnos têm um risco aumentado de desenvolver fibrilação atrial (FA). Uma coorte com 283.657 indivíduos sem FA e 276.009 sem doença de artéria coronária (DAC), acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca (IC), de um banco de dados do Reino Unido, foi seguida por um tempo médio de 10,4 anos. Os pesquisadores observaram que os trabalhadores noturnos tiveram um aumento de 12% de FA quando comparados aos trabalhadores diurnos. Esse risco sobe para 18% quando os turnos noturnos duraram pelo menos 10 anos e 22% se o profissional realizou de 3 a 8 turnos noturnos mensais durante a vida. Essa associação não foi modificada pela variabilidade genética. Sabe-se que a privação do sono pode alterar o ciclo circadiano e produzir desordens cardiometabólicas.

Indivíduos que trabalham atualmente de forma frequente ou permanente à noite apresentaram um hazard ratio (HR) 1,12, 95% IC: 0,98-1,28; os que trabalharam por pelo menos 10 anos à noite um HR 1,18, 95% IC: 0,99-1,40; e os que fizeram entre 3 a 8 plantões noturnos/mês durante a vida um HR 1,22, 95% IC: 1,02-1,45.

Os pesquisadores também encontraram uma associação entre trabalho noturno e DAC, mas não de AVC ou IC. Indivíduos que atualmente trabalham de forma frequente ou permanente à noite, os que trabalharam por pelo menos 10 anos à noite e os que fizeram uma média de 3 a 8 plantões noturnos/mês durante a vida apresentaram um maior risco na incidência de DAC, HR 1,22, 95% IC: 1,11-1,35; HR 1,37, 95% IC: 1,20-1,58; HR 1,35, 95% IC: 1,18-1,55; respectivamente.

Esse é mais um estudo observacional que mostra associação e não causalidade. Desta forma, deve ser um gerador de hipóteses apenas.