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Curso básico de eletrocardiograma – – Áreas eletricamente inativas
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
10/6/2014
Por último (na avaliação do QRS), vamos analisar a presença de áreas inativas. Para isso, devemos avaliar a presença de onda Q patológica em uma determinada topografia.
A onda Q patológica deve ter pelo menos 40ms de duração (1mm) e apresentar pelo menos 1/3 da amplitude do QRS, em 2 derivações vizinhas.
Didaticamente, podemos dividir o diagnóstico topográfico da seguinte forma:
– Parede anterior: V1 a V2 – septal; V1 a V4 – anterior; V1 a V6 – anterior extenso; V5, V6, DI e avL – lateral.
– Parede inferior: DII, DIII, avF
– Parede dorsal: V7 e V8
– Ventrículo direito: V3R, V4R (derivações direitas)
Segue um exemplo de um ECG com área inativa inferior:
Mas área eletricamente inativa então é sinônimo de área infartada? Não! Como o próprio nome diz a área eletricamente inativa é uma região do miocárdio que não reage à ativação elétrica normalmente como o miocárdio saudável costuma fazer.. De fato, a causa mais comum na prática clínica para isto é a ocorrência prévia de um infarto agudo do miocárdio. Em decorrência deste, surge uma região de fibrose no local que antes era miocárdio normal e esta fibrose é eletricamente inativa. Contudo, há outras causas para este processo. Um exemplo disso são as doenças de depósito (ex: amiloidose, hemocromatose, etc). Nestas patologias, há deposição de substâncias eletricamente inertes no local que antes era ocupado por miocárdio saudável, gerando assim a presença de uma área eletricamente inativa. Pelo ecg, não é possível dizer se determinada área eletricamente inativa é fruto de infarto prévio ou de amiloidose, por exemplo. O contexto geral do quadro clínico e dos exames complementares é que definirão isto.
No exemplo a seguir podemos ver um caso de pcte com amiloidose cardíaca e área eletricamente inativa anterosseptal. Pode-se questionar também a presença de AEI em parede inferior.