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Como o Escore de Cálcio Coronariano pode te ajudar no consultório?
Escrito por
Elaine Coutinho
Publicado em
2/10/2023
O escore de cálcio coronariano (ECC) é um exame de baixa complexidade, realizado por tomografia computadorizada sem contraste que permite a avaliação da presença e a extensão de aterosclerose nas coronárias, sendo um marcador altamente específico de aterosclerose subclínica. Um dos principais estudos que embasa sua utilização, o MESA (Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis), demonstra que as taxas de eventos variaram de 1,3% a 5,6% para ECC 0 e de 13,1% a 25,6% para ECC >300. Assim, o escore de cálcio coronariano auxilia na tomada de conduta: em pacientes assintomáticos nos quais há duvidas sobre tratamento, o exame fornece um indicador para iniciar ou intensificar farmacoterapia preventiva com estatinas.
Imagine-se em atendimento a um paciente que te procura sobre tratar ou não seu colesterol. Primeiramente, você irá estimar o seu risco cardiovascular (Framinham, SCORE, ACC/AHA) – Diante de um resultado intermediário, (no caso AHA/AAC 7,5%-20% de risco de doença cardiovascular aterosclerótica - DCVA) ou limítrofe ( 5%-7,5% de risco de DCVA em 10 anos), avaliamos em seguida a presença dos fatores de risco: história familiar de DCVA prematura, LDL-C persistentemente > 160 mg/dL ou triglicerídeos>175 mg/dL, doença renal crônica (DRC), síndrome metabólica, doenças inflamatórias (artrite reumatóide, psoríase e HIV), PCRus ou lipoproteína(a) de alta sensibilidade elevada. A presença deles favorece a necessidade de tratamento com estatina de intensidade moderada. Mas se ainda assim houver dúvida sobre tratar ou não seu paciente, considere o escore de cálcio coronariano.
Indicações:
- Idade > 40 anos +
- Risco intermediário +
- Assintomático (NÃO solicitar em pacientes sintomáticos!)
Limiar Comum de Tratamento
- ECC = 0: risco reduzido, considerar não tratar (discussão caso haja DM2, HF DAC prematura ou tabagismo.
- ECC >100 ou p>75: iniciar/considerar estatina independentemente do ERF.
- ECC de 1 a 99: individualizar, o risco permanece intermediário.
Algumas particularidades, segundo o NLS:
⋅ Menor que 40 anos, História familiar positiva para DACV precoce e ECC > 0: considerar estatina de moderada potência.
⋅ Idosos 76-80 anos: se ECC > 100, tratar com estatinas. Entre 0-10, considerar evitar tratamento.
⋅ Diabéticos entre 40-75 anos: Independente do ECC, introduzir pelo menos estatina de moderada potência.
⋅ E os pacientes de baixo risco? Já que a pontuação ECC será positiva em menor frequência, a recomendação em geral é não solicitar ECC, a menos que haja Antecedente familiar de DAC precoce, lpa >50 mg/dl ou hipercolesterolemia familiar (recomendação CCS). Caso ECC >100, reclassificar o paciente como risco adicional e considerar iniciar terapia com estatina.
⋅ A cada quanto tempo repetir o exame? Para indivíduos de baixo risco ou com ECC = 0, o ACC/AHA e ESC recomendam que o rastreio de ECC possa ser repetido em 5 a 10 anos, entre 100-300 e LDL > 70 mg/dl, a National Lipid Society recomenda repetir a cada 3 anos. Se ECC elevado (> 400) podem não necessitar de repetição – visto que já possuem evidência de risco aumentado ou são sintomáticos.
Referência:
Major Global Coronary Artery Calcium Guidelines. J Am Coll Cardiol Img 2023;16:98–117