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Combinação de macitentan e tadalafila para tratamento da hipertensão pulmonar
Escrito por
Humberto Graner
Publicado em
10/3/2023
Combinação de macitentan e tadalafila reduz efetivamente a resistência vascular pulmonar em pacientes com hipertensão pulmonar (HAP). Estes foram os principais resultados do estudo DUE, apresentado no ACC 2023.
O que fazem essas medicações?
Macitentan (antagonista do receptor da endotelina) e tadalafila (inibidor da fosfodiesterase 5) são aprovados nos Estados Unidos para tratamento da HAP de risco baixo a moderado, e as diretrizes sugerem que a combinação de medicamentos pode ser mais efetiva para reduzir a RVP. Este novo estudo é o primeiro a comparar diretamente o uso de uma combinação de dose fixa desses medicamentos em um único comprimido versus monoterapia com um desses agentes.
Qual a novidade desse estudo apresentado no ACC 2023?
O DUE foi um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, duplo-cego de fase 3 que incluiu pacientes com HAP classe funcional WHO II-III. Foram incluídos 187 pacientes randomizados para receberam a combinação fixa de macitentan (10mg) + tadalafila (40mg) (n=108), macitentan isoladamente (n=35), ou tadalafila isoladamente (n=44). Os pacientes eram virgens de tratamento, ou poderiam estar em uso de um antagonista do receptor da endotelina ou inibidor da fosfodiesterase previamente. A maioria eram mulheres e a idade média variou de 49 a 53 anos nos grupos de tratamento. Isso reflete uma população típica de pacientes com HAP. O desfecho primário foi a variação da RVP em relação à linha de base.
E quais foram os resultados do estudo?
Após 16 semanas de seguimento, a dose fixa reduziu a RVP em 45% versus 23% no grupo em monoterapia com macitentan. Em comparação com a tadalafila isoladamente, a RVP diminuiu 44% no grupo que usou a dose combinada versus 22% apenas no grupo monoterapia. A RVP caiu tanto em pacientes que não haviam sido tratados antes, quanto naqueles que já estavam em tratamento para HAP (cerca de metade dos participantes do estudo ainda não tomava nenhum medicamento para HAP).
A segurança/tolerabilidade foi avaliada. Os pacientes que tomaram o comprimido combinado tiveram maior probabilidade de descontinuar o tratamento, atribuído sobretudo a efeitos adversos como anemia, hipotensão e edema. No entanto, nenhum desses efeitos eram desconhecidos com as medicações utilizadas isoladamente.
Qual a mensagem do estudo?
As principais diretrizes internacionais já recomendam maior benefício para tratamento da HAP com combinação de medicamentos. Neste sentido, o mérito do estudo é apenas reafirmar este conceito, dessa vez com uma combinação de dose fixa em mesmo comprimido. Isto pode melhorar, inclusive, a adesão ao tratamento. Embora um único comprimido possa ser mais conveniente para o paciente, não há informações se os resultados seriam os mesmos com as mesmas medicações tomadas de forma isolada.
Por fim, o estudo avaliou um desfecho secundário (redução na RVP). Por isso, não é possível prever os benefícios em termos de redução de eventos adversos ou progressão da doença. Mas para uma doença de difícil manejo, mesmo nos dias atuais, esses resultados podem ser animadores.
Mais destaques do terceiro dia da Cobertura do ACC 2023 você assiste aqui!ReferênciaEstudo apresentado pela Dra. Kelly Chin, durante o ACC 2023, no dia 06 de março de 2023.