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Colesterol LDL: quanto menor, melhor?
Escrito por
Remo Holanda
Publicado em
24/6/2019
Em estudo recente publicado no Journal of American College of Cardiology, Benn e cols. demonstraram , em banco de dados de mais de 100 mil pacientes provenientes da Dinamarca, que variantes alélicas que levam à perda de função da PCSK-9 (Proprotein covertase subtilisin-kexin type 9) se associaram com redução de mortalidade cardiovascular em seguimento médio de 10 anos. O estudo estimou que, para cada 19,4 mg/dL de redução no colesterol LDL, existe uma redução no risco relativo de morte cardiovascular em 21 %, mas sem redução significativa de mortalidade por todas as causas (digno de nota: na população estudada, diferentemente de coortes de alto risco cardiovascular, a mortalidade por doença cardiovascular compreendeu apenas 23 % do total de mortes). Tais dados corroboram o papel protetor da redução de colesterol LDL com a classe de medicamentos que bloqueiam a proteína PCSK-9, responsável pelo catabolismo de receptores de LDL (ou seja, aumento da atividade desta proteína reduz o clareamento de LDL-c da circulação e com isso aumento dos seus níveis plasmáticos). Vale lembrar que dois estudos randomizados recentes com anticorpos monoclonais contra esta proteína, FOURIER e ODYSSEY OUTCOMES, mostraram redução significativa de eventos cardiovasculares maiores (o composto de morte cardiovascular, infarto e acidente vascular cerebral ), sem redução significativa do desfecho isolado de mortalidade cardiovascular. Fato é que tais estudos tiveram tempo médio de seguimento curto em comparação com o estudo de Benn e cols. (2,2 e 3 anos, respectivamente), levando à hipótese de que a redução intensa de LDL por tempo prolongado tenha de fato impacto positivo em aumento de sobrevida. Futuros estudos com esta classe de medicamentos promissora devem esclarecer melhor esta hipótese.