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CHA2DS2-VASc ou CHA2DS2-VASc-R Escore? Qual Utilizar?
Escrito por
Pedro Veronese
Publicado em
15/8/2016
Estudos prévios demonstraram que pacientes afro-americanos possuem maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) comparados aos caucasianos. Isso ocorre pela maior prevalência dos clássicos fatores de risco nessa população, como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e pior estatus socio-econômico. Desta forma, um estudo americano levantou a hipótese de que o acréscimo da raça afro-americana ao CHA2DS2-VASc escore poderia predizer de forma mais acurada o risco de AVC em pacientes acima de 65 anos, criando o CHA2DS2-VASc-R (R = race).
Esse estudo retrospectivo avaliou mais de 460.000 pacientes do Medicare e atribuiu mais 1 ponto aos pacientes que eram afro-americados ao já consagrado CHA2DS2-VASc escore. Comparado o escore tradicional, o CHA2DS2-VASc-R foi melhor em predizer o risco de AVC nesta população.
Como fazemos para comparar dois escores? Como dizer se um deles é superior ao outro? Para se determinar se o CHA2DS2-VASc-R é melhor que o CHA2DS2-VASc escore em predizer a probabilidade de AVC é necessário avaliar a estatísca-C dos escores ou a área abaixo da curva ROC. Uma revisão mais detalhada sobre o assunto pode ser vista aqui.
Um escore prognóstico tem o objetivo de determinar a probabilidade de um determinado desfecho ocorrer no futuro. Para isso, utiliza-se a curva ROC, também conhecida como estatística-C. A área sob a curva ROC determina a probabilidade de um paciente ter o desfecho em comparação a um paciente sem o desfecho. Um bom escore prognóstico classifica um paciente com maior probabilide de ter o desfecho com uma pontuação maior em relação a um paciente sem o desfecho. Quanto mais próximo de 1, melhor é o escore prognóstico. O modelo com o CHA2DS2-VASc escore teve uma estatística-C 0,60 (0,59 a 0,61) comparado ao CHA2DS2-VASc-R com uma estatística-C 0,61 (0,60 a 0,62), portanto uma discreta melhora.
Algumas limitações deste estudo são: análise restrospectiva, só avaliou pacientes acima de 65 anos (portanto já tinham pelo menos 1 ponto no CHA2DS2-VASc), desta forma, todos os pacientes afro-americanos ganharam pelo menos 2 pontos no novo escore e, portanto, indicação de anticoagulação. Como existe consenso de que os pacientes com CHA2DS2-VASc ≥ 2 devem ser anticoagulados é importante ressaltar que o novo escore reclassificou apenas 1% dos pacientes que eram CHA2DS2-VASc 1 para 2.
O estudo concluiu que, em pacientes acima dos 65 anos, a adição da etnia no CHA2DS2-VASc escore melhorou significativamente a capacidade em predizer o desfecho AVC.
Nota do editor: o aumento da acurácia vista no estudo (estatística C passou de 0,6 para 0,61) é de importância clínica marginal.