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Amiodarona: o que você precisa saber sobre essa medicação?
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
18/2/2014
A amiodarona é um anti-arrítmico de classe III da classificação de Vaughan Williams - bloqueadores de canal de potássio. Age prolongando a duração do potenção de ação. Tem também propriedades das outras 3 classes de Vaughan Williams (bloqueador de canal de sódio, bloqueador de canal de cálcio e beta-bloqueador). Por ser lipofílico, necessita de dose de ataque, e o tempo de meia vida médio é de 58 dias (15-142 dias).
Indicação:
Anti-arrítmico.
Apresentação: ampola 50mg/ml com 3ml. (1 ampola = 150mg)
Dose:
Ataque: Amiodarona 150mg/3ml --- 1 ampola EV em 10 a 30 minutos
- SG5% ---------------------------100ml
Manutenção: usar em bomba de infusão contínua (BIC) por 24hsAmiodarona 150mg/3ml --- 6 ampolas EV em BIC
- SG5% ------------------------ 482ml
Velocidade de infusão:1mg/min nas primeiras 6hs (33,3ml/h da solução acima)0,5mg/min durante as próximas 18hs (16,6ml/h da solução)
Necessita de dose de impregnação de 8-10g (VO ou IV) para então programar redução até a dose mínima efetiva.
Cuidados:
- Diluir sempre em soro glicosado a 5%!!!
- Utilizar recipientes de vidro ou de poliolefina. Reduzir a dose em pacientes com disfunção hepática.
- Uso preferencial em acesso venoso central, pelo risco de flebite em acesso periférico.
- Pode aumentar o nível sérico de digoxina (50-75%), varfarina (50-100%), diltiazem, sinvastatina e ciclosporina. É um inibidor de diversos citocromos (3A4, 2D6, 2C9, 2C19), além da glicoproteína-P.
- ATENÇAO: pctes em uso de amiodarona não devem usar doses superiores a 20 mg de sinvastatina. Para saber o motivo, acesse este link.
DICA
Quais exames preciso pedir periodicamente para o paciente que usa amiodarona?
Recomenda-se a avaliação periódica de enzimas hepáticas (6/6m), função tireoidiana (6/6m), radiografia de tórax (anual) e prova de função pulmonar (no início do tratamento e depois, se sintomas), além de avaliação oftalmológica (se sintomas).
Quem não deve utilizar a medicação?
Pacientes com hipersensibilidade a iodo ou à amiodarona, distúrbios graves da condução atrioventricular (bloqueios atrioventriculares de alto grau), bradicardia sinusal, bloqueio sinoatrial e doença do nó sinusal (se não tiver um marcapasso artificial implantado). Cuidado com pacientes com doença tireoidiana presente ou anterior e com a associação com outros medicamentos que podem prolongar o intervalo QT, pelo risco de torsades de pointes.
Efeitos colaterais: as reações adversas mais graves são: toxicidade pulmonar (pneumonite intersticial ou fibrose pulmonar, pleurite, bronquiolite e pneumonia obliterante), exacerbação de arritmias e lesão hepática grave (raro). Outras reações comuns: tremor extra-piramidal, distúrbios do sono e pesadelos, aumento isolado de transaminases no início do tratamento (até 1,5 a 3x), microdepósitos corneanos, visão turva. Fotossensibilidade e coloração azulada da pele.
Para um texto sobre toxicidade pulmonar da amiodarona, ver este post.Para ver a relação de amiodarona e tireoidopatia, ver este texto.
Para ver uma questão de múltipla escolha sobre os efeitos colaterais da amiodarona, acesse este link.
Para ver em detalhes quais os possíveis efeitos colaterais da amiodarona sobre a tireoide, acesse este link.
Uso na gravidez: classe D. Usado somente em casos refratários, na dose máxima de 200mg/d, com monitorização tireoidiana frequente materna e do neonato. Excretado em doses significativas no leite materno.
Nomes comerciais: Ancoron®, Atlansil®, Miodon®.
Para ler uma revisão breve sobre a medicação, acesse este link.