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Balão intraaórtico em choque cardiogênico - usar ou não?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
9/9/2012
Os guidelines atuais colocam como classe I o uso de balão intraaórtico em pctes que se apresentam com choque cardiogênico na fase aguda de IAM. Contudo esta conduta não é baseada em trials clínicos randomizados. A evidência vem basicamente de registros. Há uma metanálise que mostrou diminuição de 11% de mortalidade com o uso do dispositivo. Contudo, a melhor evidência possível para uma intervenção sempre é um trial randomizado bem conduzido. Isto foi realizado no estudo IABP-SHOCK II, publicado recentemente na New England.
O trial randomizou 600 pctes com IAM e choque cardiogênico para receber o balão intraaórtico ou placebo, além de todo o tratamento padrão usado nesta situação. O endpoint primário foi mortalidade em 30 dias.
A maioria dos casos (cerca de 66%) era de IAM com supra de ST. A maior parte dos pctes (cerca de 50%) era multiarterial. Todos os pctes possuíam programação de serem revascularizados. No final das contas 96% dos pctes foram revascularizados por angioplastia e o resto por cirurgia de revascularização miocárdica.
Resumo da história - não houve diferença de mortalidade com o uso do balão intraaórtico. Quando avaliados os vários desfechos secundários (função renal, níveis de lactato, escores de prognóstico, etc) também não foram encontradas diferenças significativas.
Limitações do estudo:
- foi um estudo aberto. Não há como deixar o médico cego para o tratamento com o balão intraaórtico por motivos óbvios.
- a mortalidade observada no estudo (cerca de 40%) foi menor do que a planejada no desenho do estudo (que seria de 56% no grupo controle). Isto significa que os pctes talvez tenham sido um pouco menos graves do que o planejado, o que pode limitar a extrapolação dos resultados aos pctes com choque cardiogênico mais grave em vigência de IAM.
- foram excluídos pctes com complicações mecânicas do IAM (CIV e rotura de músculo papilar). Assim, o resultado não pode ser extrapolado para estes pctes.
De toda forma, apesar das limitações, o trial certamente altera a pratica clínica. Uma conduta que antes era tida como classe I (ou seja, indicação indiscutível) mostra que não traz vantagem concreta no cenário avaliado.