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Arritmias Ventriculares Durante SCA Aumentam o Risco de Morte a Longo Prazo?
Escrito por
Humberto Graner
Publicado em
5/3/2024
Um novo estudo investigou se arritmias ventriculares que levam à parada cardíaca súbita durante a Síndrome Coronariana Aguda (SCA) estão associadas ao risco de morte súbita cardíaca (MSC) a longo prazo em pacientes com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) normal ou levemente comprometida.
Qual o contexto clínico?
Sabemos que uma complicação potencialmente fatal no infarto agudo do miocárdio são as arritmias ventriculares malignas, como taquicardia ventricular (TV) e/ou fibrilação ventricular (FV).
Estas complicações arrítmicas fundamentaram a criação das unidades coronárias, ainda na década de 60, com o objetivo de manter esses pacientes monitorados e oferecerem pronta reversão às TV/FV ameaçadoras.
No entanto, acredita-se que essas arritmias ventriculares revertidas na fase aguda da SCA NÃO estejam associadas a um aumento no risco de MSC a longo prazo, pois a causa – isquemia aguda – é considerada reversível.
O objetivo deste estudo foi investigar se arritmias ventriculares que levam à parada cardíaca súbita durante a SCA estão associadas ao risco de MSC incidente em pacientes com FEVE normal ou levemente comprometida.
Como foi feito o estudo?
Este estudo é baseado em uma análise retrospectiva de todos os 8.062 pacientes consecutivos com SCA submetidos a angiografia coronariana com FEVE basal ≥40% entre 2007 e 2018 (acompanhamento até 31 de dezembro de 2021). O desfecho primário foi o equivalente a MSC por arritmias ventriculares potencialmente fatais (AVPF), compostas por MSCs verdadeiras, MSCs abortadas por reanimação bem-sucedida ou terapia apropriada de CDI.
O risco de LTVA súbita foi estimado com modelo de risco subdistribuído multivariado, usando outras mortes como eventos concorrentes.
Quais os principais Resultados?
Duzentos e onze (n=211, 2,6%) pacientes sofreram FV/TV na fase aguda de uma síndrome coronária aguda levando à RCP, e sobreviveram até a alta. A maioria ocorreu antes da angiografia (80,6%, N=170) e foram FV (92,9%, N=196).
Durante um seguimento médio de 7,6 anos, 3,9% (N=316) de todos os pacientes tiveram AVPF (10,0% no grupo VF/TV vs 3,8% em outros pacientes).
FV/TVs durante a SCA associaram-se a um aumento do risco de MSC mesmo anos depois (HR 3,07; IC 95% 1,94-4,85, p<0,001).
A maioria das AVPFs ocorreu em pacientes sem CDIs.
Conclusões
Esses achados sugerem que a FV/TV durante uma SCA identifica uma subpopulação com alto risco de futura morte súbita cardíaca, mesmo quando a FEVE é ≥40%, e destacam a necessidade de melhor triagem, estratificação de risco e esforços preventivos nesta população de pacientes .
Isso precisa ser melhor elucidado em estudos prospectivos e que monitorem de perto esses pacientes. Dado importante é que a maioria das arritmias ocorreu antes da angiografia, reforçando o papel fundamental da revascularização na fase aguda da SCA.
A mensagem é: paciente fez TV/FV durante a internação por IAM, mesmo recebendo alta: acompanhe de perto!
Referência
Järvensivu-Koivunen M, Tynkkynen J, Oksala N, Eskola M, Hernesniemi J. Ventricular Arrhythmias and Hemodynamic Collapse During Acute Coronary Syndrome- Increased Risk for Sudden Cardiac Death? Eur J Prev Cardiol. 2024 Feb 23:zwae074. doi: 10.1093/eurjpc/zwae074.