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Anticoagulação na Fibrilação Atrial - As Diretrizes Estão Sendo Empregadas no Mundo Real?
Escrito por
Pedro Veronese
Publicado em
7/7/2016
Está claro nas diretrizes de fibrilação atrial (FA), que pacientes com CHADS2 ≥ 2 devem ser anticoagulados para prevenção de eventos tromboembólicos. Está claro também que pacientes com CHA2DS2-VASc ≥ 2 devem ser anticoagulados pelos mesmos motivos. Apesar do consenso sobre a anticoagulação na fibrilação atrial, como é a prática no mundo real?
Um registro americano com mais de 200 mil pacientes com FA de moderado a alto risco tromboembólico, determinado pelos escores CHADS2 ≥ 2 ou CHA2DS2-VASc ≥ 2, demonstrou que aproximadamente 40% desses pacientes recebiam apenas AAS, mesmo com as evidências de que a antiagregação plaquetária isolada confere baixa proteção a esses pacientes.
A análise multivariada demonstrou que: hipertensão, dislipidemia, doença de artéria coronária, infarto prévio, angina instável ou estável, revascularização miocárdica recente e doença arterial periférica foram comorbidades associadas com a prescrição isolada de aspirina nesses pacientes.
Concluímos, que apesar da escassez de evidências no uso do AAS para a prevenção de fenômenos tromboembólicos em pacientes com FA de moderado a alto risco e o claro benefício dos anticoagulantes orais, 4 em cada 10 pacientes no mundo real não receberam essa proteção em um registro americano. Alguns pontos que podem explicar essa discrepância entre as recomendações das diretrizes e o mundo real:
- Uma maior preocupação médica de fenômenos hemorrágicos em detrimento aos fenômenos tromboembólicos.
- Uma não definição clara de como proceder em pacientes com FA e doença aterosclerótica.
Dica:
Coronariopatia + necessidade de anticoagulação: o que fazer?
- Pacientes que tiveram síndrome coronariana aguda no último ano - tendência a manter AAS + anticoagulante.
- Pacientes que foram submetidos à angioplastia eletiva nos últimos meses - individualizar conduta considerando tipo de stent + risco de sangramento do paciente.
- Pacientes que não foram nem submetidos à angioplastia nem apresentaram síndrome coronariana aguda no último ano - tendência é manter apenas o anticoagulante.
Referência:
Journal of the American College of Cardiology, Volume 67, Issue 25, Pages 2913-2923